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Alemanha: Coligação de Merkel vai a exame no domingo

Nuno de Noronha | Maximiliane Koschyk | Reuters
12 de outubro de 2018

As eleições regionais na Baviera ameaçam terminar com o domínio de seis décadas da União Social Cristã (CSU). Este partido é parceiro da CDU da chanceler Angela Merkel no Governo federal.

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Horst Seehofer (CSU) e chanceler alemã, Angela Merkel (CDU)Foto: picture-alliance/dpa/K. Nietfeld

A iminência de um revés no quadro político no estado da Baviera, no sul da Alemanha, deve-se aos mesmos do costume: a extrema-direita.

"É a AfD [Alternativa para a Alemanha] que preenche as lacunas dos outros partidos políticos em relação à política migratória, ainda que isso não aconteça tanto na Baviera como noutros estados", comenta Ursula Münch, diretora da Academia de Educação Política, sediada no estado federado alemão.

O partido populista, que critica ferozmente a política migratória seguida pela chanceler Angela Merkel, não tem cabeça de lista para as eleições Baviera, mas "está na corrida, com a questão dos refugiados em cima da mesa, e está a roubar eleitores" não só da União Social Cristã (CSU), como também do Partido Social Democrata (SPD).

Deutschland,  Abensberg: Ein Anhänger der AfD mit dem Aufdruck "Unsere Sprache ist Deutsch"
T-shirt de apoiante da AfD: "A nossa língua é o alemão"Foto: picture-alliance/dpa/L. Mirgeler

Nas últimas seis décadas, a CSU tem governado quase sempre sozinha na Baviera. Além disso, o partido é um dos parceiros de coligação do Executivo de Merkel, em Berlim. No entanto, perdeu votos nas últimas eleições legislativas na Alemanha, em setembro do ano passado, enquanto a AfD conseguiu um resultado histórico (12,6%), entrando pela primeira vez para o Parlamento federal alemão, o Bundestag.

Ameaças da esquerda e da direita

Segundo as últimas sondagens, a AfD deverá conquistar cerca de 14% dos votos nas eleições de domingo, na Baviera. Já a CSU não deverá ir além dos 36%, o que coloca esta formação longe dos 47,7% do último pleito em 2013. A ascensão da direita é acompanhada também por uma subida das intenções de voto à esquerda. Os Verdes reúnem 15% da simpatia do eleitorado, de acordo com as últimas estatísticas. O partido ecologista estabeleceu um objetivo claro: acabar com a maioria absoluta da CSU e assumir as rédeas da governação na Baviera.

A CSU tem, no entanto, um trunfo que tem sabido usar na campanha: a Baviera é o estado federado alemão com a menor taxa de desemprego: 2,9%.

Ainda assim, internamente a situação na CSU não prima pela concórdia. A relação entre o ministro do Interior alemão, Horst Seehofer, e o atual líder estadual da Baviera, Markus Söder, já teve melhores dias. Söder acusa Seehofer de estar à deriva e sob a alçada das políticas de Merkel. Por outro lado, Seehofer foi responsável pela pior crise no Governo federal dos últimos tempos: o ministro do Interior da CSU ameaçou fechar os aeroportos se a chanceler não alterasse a sua política migratória.

Alemanha: Coligação de Merkel vai a exame no domingo

Nas últimas ações de campanha, Markus Söder criticou a AfD e pediu um voto de confiança por parte do eleitorado: "se quiserem que a Baviera continue forte, então é fácil… Não caiam em especulações sobre coligações. Votem no partido que vos liberta de qualquer necessidade de coligação", afirmou.

Testes a Merkel

No domingo, Angela Merkel estará certamente a acompanhar o desempenho do partido-irmão. As eleições poderão afetar a estabilidade do Governo federal. Em Berlim fala-se inclusive na possibilidade do afastamento do ministro do Interior, Horst Seehofer. A concretizar-se, seria a primeira baixa no Executivo de Merkel. O atual ministro do Interior da Baviera, Joachim Hermann, é apontado como possível substituto.

Daqui a duas semanas, o Governo de Merkel enfrentará um novo teste, com as eleições para o parlamento do estado federado de Hesse. O partido de Merkel, a União Democrata Cristã (CDU) governa atualmente o estado, em coligação com os Verdes. Porém, se a CDU for afastada da governação, a chanceler poderá enfrentar tempos difíceis.