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Angola é o PALOP mais afetado pela fome, diz índice global

11 de outubro de 2016

Angola está na lista dos 50 países com as taxas mais alarmantes no Índice Global da Fome 2016. Estudo diz que é preciso acelerar o combate à fome, caso contrário a meta de Fome Zero até 2030 não será atingida.

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Dürre in Angola Bevölkerung
Em fevereiro, a população do sul de Angola recebeu alimentos devido à escassez de comida na região provocada pela secaFoto: DW/A.Vieira

Angola é o País Africano de Língua Oficial Portuguesa onde a população mais sofre por causa da fome. A informação foi divulgada nesta terça-feira (11.10.), em Berlim, na apresentação do relatório 2016 do Índice Global da Fome. O relatório inclui Moçambique e Guiné-Bissau, que também registam altos índices de fome.

Para atingir a meta de Fome Zero até o ano de 2030 em todo o mundo, estipulada pelos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio das Nações Unidas, o relatório aponta que é preciso criar estratégias de ação para acelar o combate à fome nas regiões mais afetadas por este mal, nomeadamente África Austral e sul da Ásia.

Redução da Fome

Em termos gerais, o relatório apontou uma redução de 29% da fome no mundo desde o ano 2000. De acordo com a presidente da ONG alemã Welthungerhilfe, Bärbel Dieckmann, esta redução tem a ver com o trabalho realizado pelos Governos e seus parceiros nos últimos anos.

Deutschland Welthungerhilfe Bärbel Dieckmann
Bärbel DieckmannFoto: picture-alliance/dpa/S. Pilick

"Há Governos que assumem as responsabilidades dos problemas que os seu povo enfrenta. E há países que investem em educação, e trabalham juntos com outros parceiros para, de fato, fazer alguma diferença”.

Apesar da redução de 29%, pelo menos 795 milhões de pessoas ainda sofrem com a falta de alimentos no planeta. Segundo a presidente da Welthungerhilfe, é preciso investir, principalmente, na agricultura.

"A nosso reivindicação principal é o investimento em agricultura, pois assim as pessoas conseguem produzir o suficiente para elas e suas famílias”, destaca Dieckmann.

África Austral

Em termos absolutos, a África Austral apresentou grandes melhorias entre os anos 2000 e 2016, com uma redução de 14,3% no Índice Global da Fome. No entanto, as taxas ainda são baixas para atingir o objetivo de Fome Zero até 2030.

Segundo o relatório, citando a África Austral e o sul da Ásia, "se essas regiões tivessem que reduzir o nível da fome entre 2016 e 2030 com a mesma velocidade que vêm experienciando desde o ano 2000, elas ainda teriam os piores e mais baixos índices, muito aquém da meta de reduzir para zero a fome até 2030”.

Os PALOP

Entre os 50 países com as taxas mais preocupantes no Índice Global da Fome 2016 estão Moçambique, Guiné-Bissau e Angola. Contudo, o caso angolano é o mais alarmante, visto que o país está na décima terceira posição do índice, atrás de países como República Centro-Africana e Etiópia. Moçambique aparece na décima quinta posição, enquanto Guiné-Bissau na vigésima sétima. No total, o índice apresenta dados de 118 países.   

11.10.2016 Índex-Fome no mundo 2016 - MP3-Mono

O estudo ressalta que "conflitos violentos, má governação, e impactos relacionados com as mudanças climáticas na agricultura” são fatores que favorecem a escassez de alimentos na maioria daqueles países.

Em recente entrevista à DW África, o padre angolano Pio Jacinto Wacussanga falou da situação que o sul de Angola vive nos últimos meses por causa da seca.

"A vulnerabilidade ligada à fome nunca foi debelada. Desde 2012 que não chove suficiente para as pessoas cultivarem e fazerem reservas. Porque o ciclo da chamada segurança alimentar mínima é contado a partir do momento que a reserva alimentar aguenta as pessoas atér a próxima colheita. E então, isto não existe”, disse o padre.

Combate à seca em Angola

Para combater de maneira emergencial a falta de comida no país, em especial na região mais afetada pelas alterações climáticas, o Governo angolano adotou uma série de medidas, entre elas a importação de alimentos.

O porta-voz do Ministério de Assistência e Reinserção Social de Angola, Celso Malavoloneke, diz que, para além destas ações emergenciais, o Governo pretende colocar em prátrica ações que tenham efeitos mais permanentes.

"Vamos estudar a situação de emergência, especificamente, área por área, para definir ações pontuais, mas a nossa prioridade deverá ser concentrar em repor os mecanismos comunitários, que protejam as comunidades do efeitos, sobretudo, da seca”, assegurou o porta-voz em recente entrevista à DW África. 

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