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Religião

Angola abre novo processo-crime sobre conflitos na IURD

Lusa | ms
29 de junho de 2020

Autoridades angolanas instauraram um novo processo-crime para aferir e imputar responsabilidade criminal dos autores dos últimos acontecimentos ocorridos nos templos da IURD, que opõe pastores angolanos e brasileiros.

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Foto: DW/J.Beck

Num comunicado enviado à imprensa, o Ministério do Interior refere que tem acompanhado com atenção, os conflitos internos que ocorrem no seio da igreja, baseados em acusações às suas lideranças em Angola, por atos que poderão ser considerados como infrações criminais a luz da lei penal vigente, dando assim lugar a abertura de processo-crime que corre os seus termos no Serviço de Investigação Criminal (SIC).

Depois da denúncia em novembro de 2019, a nota realça que nos últimos dias ocorreram novos factos nos templos da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), que consistiram na tomada do controlo das instalações, "com recurso a força, ameaças de morte, ofensas corporais e uso de armas de fogo".

De acordo com o comunicado, estes atos constituem crime no ordenamento jurídico angolano, porquanto, as autoridades do SIC instauraram um novo processo-crime para aferir a imputação objetiva da responsabilidade criminal dos seus autores".

Enquanto decorrer o respetivo processo-crime, salienta a nota, as autoridades do Ministério do Interior apelam as partes em conflito a não realizarem atos que configurem infração em sede da legislação vigente, bem como a respeitarem os trâmites legais dos processos que correm curso nas instâncias judiciárias, sob pena de serem aplicadas outras medidas previstas na lei.

Bispos angolanos queixam-se de perseguição 

Bispos e pastores angolanos e brasileiros na direção da IURD estão de costas viradas desde novembro de 2019, quando o grupo de mais de 300 pastores nacionais subscreveu um manifesto, no qual denunciam a gestão brasileira de cometerem vários crimes, nomeadamente evasão fiscal, branqueamento de capitais, práticas racistas e outras que atentam com contra os hábitos culturais de Angola, como obrigar os pastores a fazer vasectomia.

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Depois da abertura de processos-crimes, anunciadas pela Procuradoria-Geral da República de Angola, em dezembro do ano passado, a situação conheceu novos desenvolvimentos no dia 22 deste mês, altura em que os pastores angolanos tomaram a direção da igreja dos seus irmãos brasileiros, por continuarem a verificar as mesmas práticas que vêm denunciando.

Bispos angolanos da IURD acusam a ala brasileira da instituição de contratar elementos para perseguir os pastores nacionais, uma situação que já foi participada à polícia, disse hoje à agência Lusa o porta-voz do grupo.  Segundo Silva Matias, representante do grupo que rejeita ser classificado como dissidente, reafirmando-se membro da igreja, no domingo alguns pastores foram perseguidos por viaturas em alta velocidade com viaturas, mas "conseguiram escapar". 

"Já demos a participação à polícia, que deu cobertura com um grupo para escoltar", disse Silva Mateus, porta-voz da ala reformadora da IURD, reiterando que "os pastores que deram início a esse movimento, no dia 22 (de junho) estão a sofrer ameaças por parte da ala brasileira". 

Segundo Silva Matias, as provocações têm estado a vir da ala brasileira, lembrando que os pastores andam desarmados, mas na quinta-feira passada, um grupo de 16 homens armados, sob alegada orientação do bispo brasileiro Honorilton Gonçalves, invadiu uma catedral "para atentar contra a vida dos pastores angolanos". As instalações contam agora com a proteção não só da polícia, mas também de uma nova empresa de segurança. 

Num direito de resposta, a direção brasileira rejeitou já a informação de que a IURD está a ser liderada por uma ala angolana ou uma ala brasileira, sublinhando que se trata de "uma instituição mundial, dirigida pelo espírito de Deus e com o conselho de direção constituído legalmente". "O que temos visto são atos criminosos, beirando ao terrorismo, além da inércia de algumas autoridades competentes", considera a ala brasileira.