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Educação

Angola: Candidatos ao ensino superior não atingem nota

José Adalberto (Huambo)
19 de fevereiro de 2019

Na província do Huambo, a reprovação em massa dos candidatos ao ensino superior está a dividir citadinos. A DW África ouviu candidatos e professores.

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Angola Universität Agostinho Neto in Luanda
Foto ilustrativa: Universidade Agostinho Neto (Luanda)Foto: DW/P. Borralho

Na província do Huambo, a reprovação em massa dos candidatos ao ensino superior está a dividir os citadinos desta cidade. Alguns reconhecem o fraco desempenho dos candidatos, outros dizem-se enganados pelas diferentes unidades orgânicas, que não terão aplicado os conteúdos publicitados como base para os exames. Especialista em pedagogia atribui fracasso ao sistema de reforma do ensino no país. 

De fato, na conhecida "cidade académica", os citadinos não conseguem digerir os resultados obtidos no dia 07 de fevereiro, por maioria dos candidatos a uma vaga nas diferentes unidades orgânicas da Universidade José Eduardo Dos Santos. Dos 220 candidatos que participaram no exame de acesso para o ingresso na Faculdade de Ciências Agrárias, ninguém conseguiu os dez valores exigidos como nota mínima.

Culpa

Luísa Cassula, uma das candidatas ao curso de Engenharia Agronómica e Florestal, ouvida pela nossa reportagem, atribui a culpa aos candidatos, que não se prepararam o suficiente para encarar a prova. Ela reconhece que o exame estava ao alcance de todos.

"Penso que faltou competência aos alunos, porque a maioria das perguntas na prova questionava sobre temas inseridos nos tópicos. Mas não sei o que se passou. Geralmente, as provas não têm sido assim. Foi uma prova diferente, que ninguém esperava", explica. Carlos Queropa, candidatou-se a uma vaga na Faculdade de Medicina Veterinária na mesma universidade. O nosso interlocutor atribui culpa do descalabro dos estudantes à direção da Faculdade, que acusa ter trocado os conteúdos dos tópicos que serviram de guia para a sua preparação. Um facto que, no seu entender, afetou o desempenho dos candidatos.

Angola: Candidatos ao ensino superior não atingem nota

"Sobre os temas que foram colocados na vitrine para que os candidatos pudessem se preparar, nem todos saíram na prova. As pessoas eventualmente prepararam-se, mas havia outra coisa nas folhas da prova", disse Queropa. 

"Não se explica"

O candidato duvida, igualmente, do número de candidatos reprovados. Na sua opinião, não correspondem à verdade. Para ele, alguns professores sabem o que realmente aconteceu, mas preferem o silêncio apenas por sigilo profissional.

"Não se explica que num universo de cerca de 170 candidatos, apenas terem a possibilidade de ingressar nove candidatos. Estaríamos a dizer que os candidatos ficaram abaixo da média que se esperava? Acho que não."Segundo o pedagogo Carlos Elavoko, o fraco desempenho dos candidatos pode estar associado à fraca preparação dos concorrentes trazidas das classes de base, onde a reforma educativa, feita há alguns anos pelo executivo, não gerou os resultados desejados:

Angola Bahnhof in Huambo
HuamboFoto: Getty Images/AFP/E. Maussion

"Não podemos ver este assunto de forma isolada. Sabemos que o sistema de ensino é um todo. Os resultados que temos colhido não têm sido satisfatórios desde a implementação da reforma educativa", explica Elavoko.

O também professor defende a necessidade da uniformização dos currículos das várias instituições de ensino que, no seu entender, terá contribuído para o chumbo dos candidatos à universidade.

A exigência mínima de dez valores como nota mínima para o ingresso nas universidades públicas e privadas do país consta do novo regulamento do acesso ao ensino superior, aprovado pelo conselho de ministro, a 5 de dezembro de 2018. O objetivo é conferir maior rigor na seleção dos candidatos no âmbito da melhoria da qualidade do ensino.

A Universidade José Eduardo dos Santos possui, na província do Huambo, o Instituto Politécnico, as Faculdades de Economia, Direito, Medicina Humana, Medicina Veterinária e Ciências Agrárias. Além destas, possui escolas superiores politécnicas nas províncias do Bié e Moxico. 

Huambo: Défices no sistema de ensino