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Angola: Dezasseis anos de paz, um longo caminho pela frente

4 de abril de 2018

Angola assinala esta quarta-feira, 4 de abril, o Dia da Paz e da Reconciliação Nacional. Analistas lamentam, no entanto, que persistam "problemas e conflitos" entre angolanos que defendem cores partidárias diferentes.

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Foto: picture-alliance/dpa/M. Kappeler

Passaram dezasseis anos desde a assinatura do Acordo de Paz, em 2002, na sequência da morte de Jonas Savimbi, líder fundador da UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola). Mas o processo de reconciliação nacional não está concluído, afirma o analista político Osvaldo Mboco. 

Continua a haver "problemas e conflitos" entre os angolanos que defendem cores partidárias distintas, segundo o analista, e isso é particularmente evidente em anos de eleições: "Em épocas de campanha eleitoral, a intolerância domina o cenário político. Os principais agentes políticos também não dão exemplo de maturidade política."

O reverendo Ntony Nzinga, antigo coordenador do Comité Inter-Eclesial para a Paz em Angola (COIEPA), concorda que muito ainda deve ser feito para consolidar o processo de reconciliação.

"Precisamos de fazer mais para que todo o angolano se considere realmente parte integrante da sociedade que nós estamos a formar e que muito fez para se libertar quer do colonialismo, quer da violência, que, na maioria dos casos, beneficiou mais os atores externos do que a nós mesmos", explica Nzinga.

Angola Luanda Elendsviertel
Muitos angolanos ainda vivem em situação de pobreza, apesar das riquezas do país em petróleo e diamantesFoto: Imago/Zumapress/J. Widener

Unidade nacional, diversidade de pensamento

Em dezasseis anos de paz, Angola ainda se debate com vários problemas. Mais de um terço da população vive na linha da pobreza, segundo o Censo Geral de 2014. A taxa de desemprego é alta, rondando os 20% em 2015, e os jovens são os mais afetados. Além disso, apenas 35% dos angolanos têm acesso ao fornecimento de energia elétrica, por exemplo.

Apesar do longo caminho a percorrer para que os ganhos da paz sejam refletidos na vida prática da população, o reverendo Ntony Nzinga vê o futuro de Angola com otimismo, esperando mudanças profundas.

Angola Bornito de Sousa
Bornito de Sousa, vice-presidente de Angola, conduz as celebrações em Malanje esta quarta-feira (04.04)Foto: DW/Nelson Sul D‘ Angola

"De novo, as esperanças estão a nascer para possibilidades de mudanças ainda mais profundas na sociedade", afirma Nzinga.

O país conta, desde setembro de 2017, com um novo Executivo, liderado pelo Presidente João Lourenço. E, com as novas políticas governamentais e a atuação da Justiça no combate à corrupção e à impunidade, muitos cidadãos já foram constituídos arguidos.

Para o analista Osvaldo Mboco, nada disto põe em causa o processo de unidade e reconciliação nacional. "Se de facto estes indivíduos prevaricaram quanto aos poderes que lhes foram conferidos, é normal que os mesmos sejam punidos à luz da própria lei angolana", explica.

Mboco realça a importância de celebrar a paz conquistada: "É fundamental que a reconciliação nacional seja cultivada todos os dias com atos e atenção", defende o analista angolano.

Dezasseis anos de paz, um longo caminho pela frente

"A paz é o nosso segundo maior ganho depois da independência. Então, devemos conservá-la e procurar mecanismos para que essa paz seja de facto efetiva - para que todos os angolanos, independentemente da diversidade de pensamento e das cores partidárias, possam viver em Angola, sem distinção de cores."

Este ano, as comemorações do Dia da Paz têm lugar na província angolana de Malanje. Estão a cargo do vice-presidente, Bornito de Sousa, em substituição de João Lourenço, que se encontra nos Estados Unidos em visita privada. 

A celebração do dia 4 de abril resulta da assinatura, em 2002, do Memorando de Entendimento Complementar ao Protocolo de Lusaka entre o Governo angolano e a UNITA.

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