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Angola: Diversificação da economia não avança

António Ambrósio
30 de novembro de 2022

A desvalorização da moeda nacional, kwanza, preocupa os angolanos, a braços com um aumento significativo do custo de vida. Analistas dizem que a solução passa pela diversificação da economia e o incremento da exportação.

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Angola Luanda Kwanza
Foto: DW/V. T.

Só nos primeiros vinte e quatro dias de novembro o câmbio da moeda angolana oscilou fortemente, entre os 480 a 530 kwanzas por euro.

O economista angolano Teixeira de Andrade entende que a desvalorização pode ser provocada por quem gere a política monetária no sentido de melhor controlar o mercado. O analista avança possíveis causas para a desvalorização da moeda nacional.

"Se a gente não apostar na produção interna enquanto houver sempre necessidade de importarmos, principalmente, os produtos da cesta básica, nosso kwanza vai sempre perder peso em relação as outras, como o euro, o dólar e a libra, que são as três moedas com influência na nossa economia", disse Andrade à DW África.

Fim necessário da dependência da importação

O economista defende que o problema se resolve com o fim da dependência da importação. Mas os governantes preferem outra solução para conter a inflação. "Temos uma economia cuja a inflação é muito oscilante. Então, o Estado usa a desvalorização como forma de controlar a oscilação".

Greve de pessoal da saúde no  Bengo
Cresce o número de greves e protestos Foto: António Ambrósio/DW

Também o economista Marcelino Silva entende que só a diversificação da economia e a exportação de produtos poderão ajudar a resolver o problema. Mas não se mostra otimista, salientando que os governantes falam muito de diversificação, mas pouco fazem de concreto.

Diversificação procura-se

Silva sugere que se passe rapidamente à prática, por exemplo através de "uma aposta séria na agricultura e no investimento privado".

A sucessiva desvalorização da moeda nacional e consequente perda do poder de compra dos angolanos gerou uma onda de insatisfação generalizada, que resultou num aumento de reivindicações laborais.

O investigador Amílcar de Armando diz que o cidadão é sempre o sacrificado. "O comerciante nunca perde porque ele vai ajustar ao câmbio do dia", afirma. "Nós temos outros problemas: o imposto sobre o rendimento do trabalhador, imposto sobre o valor acrescentado, tudo isso acrescido faz com que a vida fica mais cara".

A situação é preocupante para a população que, cada vez mais, recorre a protestos. "Não é normal que tenhamos cada vez mais movimentos reivindicativos, a nível da função pública e não só, porque o custo de vida aumentou. Vemos greves de professores, médicos, enfermeiros", disse Armando.