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Angola entre os mais afetados pelo desinvestimento

Lusa | ar
2 de novembro de 2016

Angola e Nigéria vão ser os países mais afetados pela quebra do investimento no setor petrolífero, que vai cair 100 mil milhões de dólares nos próximos cinco anos, segundo a consultora Wood Mackenzie.

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Ölproduktion in Angola
Foto: MARTIN BUREAU/AFP/Getty Images

"Os governos na África subsaariana têm de reavivar a indústria de exploração de petróleo, oferecendo vantagens fiscais atrativas em vez de procurar aumentar as receitas fiscais no atual contexto", disse o investigador principal da Wood Mackenzie para a região, Femi Oso, na Africa Oil Week, que decorre até sábado (05.11.) na Cidade do Cabo, África do Sul.

 As despesas de capital das principais empresas petrolíferas vão cair 100 mil milhões de dólares nos próximos cinco anos, considera a consultora, especificando que Angola e Nigéria, os dois maiores produtores, vão ser os mais afetados, de acordo com uma notícia do jornal sul-africano Business Day, que não explicita o valor atual do investimento na região.

Produção poderá cair para 2,6 milhões em 2030

Esta região do mundo, que atualmente produz quase cinco milhões de barris por dia, pode ver a produção cair para 2,6 milhões em 2030 devido ao desinvestimento dos grandes produtores, sendo que Angola e Nigéria deverão ser os mais afetados, pois a exploração de petróleo nestes países é feita em águas ultraprofundas, tendo por isso um custo mais elevado."Os cortes na exploração na região vão também contribuir para uma descida da produção a longo prazo, já que os produtores afastaram-se de novas descobertas, preferindo apostas nas já existentes", continua o analista, apontando, no entanto, que "a recente confirmação da gigantesca descoberta do campo Owowo (estimada em mil milhões de barris), na Nigéria, mostra bem a qualidade dos recursos naturais que a África subsaariana ainda tem para oferecer".

Angola Sitz der Erdölfirma Sonangol
Sede da petrolífera angolana Sonangol, em Luanda.Foto: DW/N. Sul d'Angola

Angola prevê crescimento de 2,1% em 2017 e barril de petróleo nos 46 dólares

O Governo angolano prevê que a economia cresça 2,1 por cento em 2017, ano em que espera produzir mais de 1,8 milhões de barris de petróleo por dia, a um preço estimado de 46 dólares por barril.

Os dados constam do relatório de fundamentação da proposta de Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2017, que já deu entrada na Assembleia Nacional, prevendo igualmente que as contas públicas voltem a apresentar um défice, no próximo ano, de 5,3% do Produto Interno Bruto (PIB).

"As previsões apontam para uma melhoria do desempenho da economia nacional, em 2017, considerando uma taxa de crescimento do PIB real de 2,1%, com o setor petrolífero a crescer 1,2% e o setor não petrolífero 2,3%", refere ainda o documento.

Estagnação da economiaNa revisão do OGE de 2016, aprovada no Parlamento angolano em setembro, o Governo previa um crescimento da economia de 1,1% do PIB, enquanto o Fundo Monetário Internacional (FMI) antevê a estagnação económica do país este ano.

Angola Luanda Kwanza
Foto: DW/V. T.

 No OGE que agora segue para discussão na Assembleia Nacional, o Governo prevê receitas e despesas, para todo o ano de 2017, de 7,307 biliões de kwanzas (40,3 mil milhões de euros). Neste caso, as receitas serão financiadas com 3,142 biliões de kwanzas (17,3 milhões de euros) de endividamento do Estado. Estas contas resultam num défice global de 1,047 biliões, equivalente a 5,3% do PIB.

"Relativamente ao OGE 2016 Revisto, a presente proposta orçamental reflete um cenário mais otimista, prevendo-se um crescimento da despesa total em torno de 5,2%. Prevê-se ainda uma redução considerável das despesas com subsídios de cerca de 19,3%, comparativamente ao OGE Revisto 2016", refere o documento.

Défice nas contas públicas

Angola contará assim com o quarto ano consecutivo de défice nas contas públicas, depois dos estimados 7% do PIB em 2016, 3,3% em 2015 e 6,6% em 2014.

Karte Angola mit den 18 Provinzen Portugiesisch

O Governo prevê ainda uma taxa de inflação para todo o ano de 15,8%, mas só em setembro os preços já tinham subido em Luanda quase 40% (a um ano).

Em todo o próximo ano, Angola prevê produzir 662 milhões de barris de petróleo, setor que deverá render à economia (PIB petrolífero), nos cálculos do Governo, 3,753 biliões de kwanzas (20,7 mil milhões de euros), numa previsão de 46 dólares por barril, contra os 40,9 dólares estabelecidos para 2016.As perspetivas de crescimento para o setor não petrolífero, lê-se ainda na proposta de OGE para 2017, resultam da combinação de crescimento positivo esperados nos setores da energia (40,2%), agricultura (7,3%), pescas (2,3%), construção (2,3%) e indústria transformadora (4%).

O PIB angolano - toda a riqueza produzida no país - deverá crescer para 19,746 biliões de kwanzas (109 mil milhões de euros) no próximo ano.