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Angola "fecha portas" a cimento da Namíbia

Stefanie Duckstein / Guilherme Correia da Silva 8 de julho de 2014

Produzir cimento consome muita energia e liberta muitos gases de efeito estufa para a atmosfera. Na Namíbia, uma fábrica encontrou uma solução mais amiga do ambiente e esperava exportar para Angola, mas não teve sucesso.

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Foto: DW/S. Duckstein

Na Namíbia, a fábrica de cimento Ohorongo teve uma ideia: produzir cimento com a ajuda de biomassa – uma solução mais amiga do ambiente. Ao construir a fábrica, os investidores alemães sonhavam em exportar o cimento para Angola – onde a indústria da construção civil crescia a passos largos. Mas o sonho ficou pelo caminho.

A ceifeira-debulhadora avança lentamente pelo matagal. Pelo caminho, vai apanhando Acacia Mellifera. Onde esta planta cresce, não cresce mais nada, lamentam os agricultores. Os arbustos são depois desfeitos em pedaços e transformados em pequenos pellets de madeira – uma granulado de madeira usado como biocombustível.

Com a ajuda destes pellets, a fábrica de cimento Ohorongo espera ter uma vantagem no mercado internacional: 30% do cimento produzido pela fábrica é aquecido por meio de biomassa. O objectivo é chegar aos 80%. “A longo prazo, somos mais competitivos", diz o director, Gerhard Hirth. A conta de electricidade diminuiu drasticamente, porque a fábrica não depende das importações de carvão ou de petróleo. Além disso, esta solução é mais amiga do ambiente.

Gerhard Hirth explica que “ao nível do equipamento técnico e dos materiais" têm "todas as condições para produzir cimento de alta qualidade". "Podemos produzir mais barato e utilizando combustíveis alternativos, com a ajuda dos trabalhadores que formámos. Tudo isso traz-nos vantagens competitivas a longo prazo", afirma.

Zementwerk Ohorongo Cement in Otavi/ Namibia
Fábrica de cimento OhorongoFoto: DW/S. Duckstein

Competição de peso

Entretanto, as máquinas não param na fábrica de cimento. Por um tapete rolante passam sacas de 50 kg de cimento de minuto a minuto. A fábrica produz 600 mil toneladas por ano. A maior parte do cimento segue para a indústria de construção civil da Namíbia. O resto é exportado. Em comparação com os volumes de produção de outros países, Ohorongo é uma gota no oceano. A vizinha África do Sul produz, por exemplo, 16,5 milhões de toneladas por ano.

O director da fábrica de cimento Ohorongo tem enfrentado obstáculos. Um deles, a imprevisibilidade do mercado. Um dos clientes com que a empresa contava era Angola. O gigante petrolífero era uma grande promessa, diz Gerhard Hirth, acrescentando que “isso acabou por ser um erro". "Angola fechou as portas às importações de cimento da Namíbia. Eles recebem cimento chinês. Contra isso, há provavelmente pouco a fazer", explica Girth, concluindo que ninguém consegue bater os preços das empresas chinesas.

Criação de emprego no norte do país

Gerhard Hirth
Gerard Hirth, director da fábrica de cimento OhorongoFoto: DW/S. Duckstein

Ainda assim, os habitantes de Otavi parecem estar contentes com o investimento. “A fábrica é um grande investimento, não apenas para a região mas para toda a Namíbia. Dá oportunidades de emprego a quem não o tem. Eu, pessoalmente, tenho camiões a operar na fábrica", conta um deles.

Para uma outra habitante, “Ohorongo mudou um pouco a cidade. Mas é preciso recrutar mais pessoas oriundas desta área e não tanto de cidades como Windhoek ou Swakopmund. O problema é que aqui em Otavi há muitas pessoas que são pobres".

O director da fábrica admite que muitos dos trabalhadores vêm das grandes cidades. Gerhard Hirth diz que é difícil encontrar trabalhadores devidamente qualificados no norte do país. Mas Ohorongo conseguiu criar postos de trabalho. Não só para os mais de 300 trabalhadores da fábrica, mas também em empresas subcontratadas: empregados da cantina, de empresas de expedição ou produtores de vestuário. A empresa estima 2 mil e 500 postos de trabalho. Com uma taxa de desemprego de 30%, cada trabalho conta.

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