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Angola: Aumenta o consumo de bebidas alcoólicas em Cabinda

Simão Lelo
20 de maio de 2021

Em tempos de pandemia, consumo de bebidas alcoólicas, especialmente entre jovens, tem vindo a aumentar na província angolana de Cabinda. Analistas entendem que a quantidade da oferta e o baixo preço encorajam o consumo.

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Bebidas alcoólicas à venda numa "barraca" em Cabinda.Foto: Simão Lelo/DW

Em tempos de pandemia, tem vindo a crescer o nível de consumo de bebidas alcoólicas na província de Cabinda. Analistas entendem que a questão deve ser considerada como um problema nacional de saúde pública, encorajada pela quantidade da oferta e pelo baixo preço.

Há uma procura desenfreada de bebidas baratas, como é o caso da cerveja e principalmente um whisky popularmente denominado de "pacotinho" e nas ruas assiste-se ainda a um grande movimento de vendedoras e de consumidores nas barracas de bebidas caseiras logo pela manhã.

Não há números exatos atuais sobre o consumo de bebidas alcoólicas em Angola, mas nas ruas de Cabinda há cada vez mais jovens e adolescentes a consumirem álcool.

Beber passou a ser normal

Alguns cidadãos, ouvidos pela DW África, disseram que atualmente beber todos os dias, e em grandes quantidades, passou a ser "normal". É o caso do Yuri Cabinda, que justifica ter encontrado sossego no álcool.

"Eu consumo por mera necessidade, principalmente quando estou em momentos de fortes reflexões e não quero me sentir autenticamente frustrado. Mas não é um vício, eu só consumo para esquecer certas situações", explica.

Outro jovem do bairro Aeroporto, que preferiu ocultar a identidade, também justifica o que o leva a embebedar-se.

"A bebida alcoólica fortalece-me muito e, além disso, perdi um ente querido e muito próximo de mim, por isso estou a beber".

Angola | Alkoholverkauf in Cabinda
Whisky vendido em "pacotinhos".Foto: Simão Lelo/DW

"Triste realidade”

Mas ainda há jovens em Cabinda que não enveredam por esse caminho como Divua Manuel que está ciente dos perigos do alcoolismo.

"Cabinda é o reflexo deste cenário triste, sobretudo entre os jovens. Esta triste realidade é decisiva para o absentismo laboral e escolar, além do aumento de sinistralidade rodoviária, violência doméstica e mortes", lamenta.

Pascoalina Faria é psicanalista e alerta para os distúrbios psíquicos dos "escravos do álcool".

"O excesso de álcool afeta praticamente todos os órgãos do corpo. Pode enfraquecer o sistema imunológico, lesar o fígado, danificar o coração, aumentar a ansiedade, estimular comportamentos violentos", frisa.

A DW África tentou ainda contactar o Governo, através do órgão da juventude em Cabinda, mas sem sucesso.

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