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Angola: Julgamento de manifestantes continua amanhã

26 de outubro de 2020

Tribunal de Luanda pretendia ouvir os 104 detidos ao mesmo tempo, mas a defesa alega que cada um tem de ser ouvido individualmente. São acusados do crime de arruaça. "Liberdade, já!" volta a ecoar nas ruas em Angola.

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Manifestantes pedem libertação dos detidos em frente ao Tribunal Provincial de LuandaFoto: Borralho Ndomba/DW

Esta segunda-feira (26.10), um grupo de manifestantes protestou em frente ao Tribunal Provincial de Luanda, a capital angolana, para exigir a libertação imediata de todas os detidos na marcha realizada no último sábado (24.10).

Desta vez, a manifestação decorreu de forma pacífica, sem confrontos com a polícia. Os manifestantes alegam que não vão parar os protestos enquanto todos os acusados não forem libertados. E já agendaram outra grande manifestação para 11 de novembro, Dia da Independência de Angola. Prometem que será uma "nova independência".

No exterior do Tribunal, voltaram a ouvir-se gritos de "Liberdade, já!". Também não faltaram críticas ao Governo de João Lourenço e à repressão policial. Os ativistas alegam que os participantes na marcha não cometeram nenhum tipo de crime, já que estavam apenas a reivindicar os seus direitos, como exigir o fim do custo elevado de vida e protestar contra o adiamento das eleições autárquicas.

Acusados do crime de arruaça

Os advogados dos detidos estão a fazer diligências para que os arguidos possam responder ao processo em liberdade. Até ao início da noite, os manifestantes presos não sabiam de que crimes estão a ser acusados. Entretanto, um dos advogados da defesa explicou aos jornalistas que irão responder pelo crime de arruaça. 

Angola Luanda | Protest vor Gericht
O protesto desta segunda-feira (26.10) em Luanda foi pacíficoFoto: Borralho Ndomba/DW

Na audiência, o Tribunal Provincial de Luanda pretendia ouvir todos os 104 detidos ao mesmo tempo, mas os advogados defendem que cada um tem de ser ouvido individualmente.

Entretanto, ainda nenhum dos acusados foi ouvido pelo tribunal. A sessão prossegue amanhã (27.10), no Palácio D. Ana Joaquina. Presume-se que o processo ainda se arraste durante um bom tempo, tendo em conta o número de detidos. 

"Pior que no tempo de José Eduardo dos Santos"

Dos 104 detidos, apenas três jornalistas e um motorista da Rádio Essencial foram libertados, informou esta segunda-feira (26.10) o Sindicato de Jornalistas de Angola. 

A repressão aos protestos tem merecido muitas críticas de organizações de defesa dos direitos humanos. Os ativistas dizem que a repressão policial é sinal de que "nada mudou" em Angola.

Há manifestantes que alegam que a situação agora "está pior do que no tempo em que o país era governado por José Eduardo dos Santos", o anterior Presidente da República.

Angola Luanda | Demonstration | Gegen Polizeigewalt
Polícias fazem a proteção do Tribunal Provincial de Luanda, onde decorreu a manifestação pela libertação dos detidosFoto: Borralho Ndomba/DW

A tentativa de manifestação organizada por jovens da sociedade civil, com apoio de dirigentes da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), o maior partido da oposição, foi frustrada pelas autoridades, tendo resultado em detenções, ferimentos de polícias e de manifestantes em números não revelados, além da destruição de meios das forças da ordem.

Diálogo com a UNITA

Esta segunda-feira (26.10), o ex-líder da UNITA Isaías Samakuva foi recebido pelo Presidente João Lourenço. O antigo dirigente do maior partido da oposição pediu ao chefe de Estado para resolver este conflito com base no diálogo. Samakuva apelou também a Lourenço para que chegue a um consenso com a UNITA sobre a questão das autarquias. 

Este encontro suscitou muitas críticas e levantou suspeitas. Há quem quem questione por que motivo o Presidente convidou Isaías Samakuva e não o atual líder da UNITA, Adalberto Costa Júnior, para o diálogo. 

Membros da UNITA e outros manifestantes asseguram que ocorreu uma morte durante os confrontos. Ativistas confirmaram hoje que a vítima era um jovem do município de Viana, conhecido como "Mamã África". As autoridades alegam que não houve nenhuma morte.  

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