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Angola: Movimento Revolucionário vigiará assembleias de voto

Cláudia Pereira
28 de julho de 2017

O Movimento Revolucionário Angolano lança apelo público em nome da transparência eleitoral. Medidas visam prevenir a fraude nas eleições de 23 de agosto, em Angola. "Preparem as cadeias, porque não vamos recuar", avisam.

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Nito Alves e Arante Kivuvu: Ativistas do Movimento Revolucionário exigem eleições justasFoto: DW/P. Borralho Ndomba

Num apelo enviado via Facebook, o ativista angolano Manuel Nito Alves, processado criminalmente em 2013 por calúnia e difamação contra o Presidente da República, mobiliza os cidadãos eleitores para que "exerçam o dever de votar a 23 de agosto de 2017, fazendo-o com consciência e responsabilidade".

A transparência do processo eleitoral em Angola é colocada em causa pelo Movimento Revolucionário. Aconselham os cidadãos angolanos a que, depois de votar, permaneçam junto das suas assembleias de voto. "Depois de votar, todos os cidadãos devem ficar a 20 metros à urna eleitoral", recomenda o ativista Adão Bunga.

Mosambik Kommunalwahl
Foto de arquivo: Movimento Revolucionário vai controlar as urnas a 23 de agostoFoto: DW/E. Silvestre

Permanecendo nas assembleias de voto, os eleitores podem "controlar o seu voto, isto é, o processo de contagem e os resultados das eleições", esclarece o apelo.

"Quando terminar [o voto], queremos o resultado das eleições. Não podemos deixar que as urnas saiam dali [das assembleias de voto]. A contagem deve ser no mesmo local ", defende Nito Alves.

Silêncio estratégico

Com vista a eleições justas, para além do encerramento e controlo das urnas, o Movimento está a tomar medidas para combater a fraude: protestos em frente ao Parlamento Angolano e ao Palácio Presidencial de José Eduardo dos Santos, e ainda o boicote à propaganda política do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA).

O Movimento Revolucinário Angolano está também a preparar outro comunicado, um abaixo-assinado e folhetos, informa Nito Alves à DW África, "onde as pessoas vão poder fazer as suas queixas e reclamações".

Angola: Movimento Revolucionário vigiará assembleias de voto

As medidas estavam a ser planeadas, por isso é que ultimamente não se ouvia falar do movimento. Porém, Nito Alves esclarece que "o Movimento Revolucionário Angolano nunca esteve calado. Estávamos a criar novas plataformas coletivas com outros grupos de pressão ao Governo e outras organizações não-governamentais (ONG) para sairmos em bloco. Como vamos sair em bloco no dia 23 de agosto numa vigília eleitoral."

No dia do ato eleitoral (23.08), às 18h00, os membros do Movimento Revolucionário prometem permanecer "junto das assembleias de voto – com o povo –, dando início a uma vigília a favor da transparência eleitoral". O objetivo é "evitar que as urnas sejam novamente transportadas e manuseadas de forma fraudulenta, tal como foi em 2008 e 2012".

Em nome do povo

"Estamos cientes do que será feito [pelo Governo]", alerta o Movimento. Os ativistas preveem que a reação do Governo angolano pode ser violenta. No entanto, Adão Bunga garante que não vão desistir: "Nós estamos preparados para dar a nossa vida em nome do país. Preparem as cadeias e preparem também os caixões para nós, porque nós não vamos recuar, o que está em jogo é o país".

O ativista Luaty Beirão disse em entrevista à DW África que "é preciso que todos se comportem como monitores eleitorais e que estejam atentos". Opinião partilhada por Nito Alves: "cada cidadão deve controlar o seu voto e devemos controlar a manipulação do regime eduardista que manipula a torto e a direito".

"Só o cidadão pode mudar o seu próprio país", conclui o ativista Adão Bunga.