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Angola: Acordos para frear queda na produção do petróleo

17 de dezembro de 2019

Especialista aplaude decisão que garante continuidade da produção do Bloco 17 e investimentos nos Blocos 20 e 21, mas cobra avanços na regulação do setor para garantir rendimentos ao Estado angolano.

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Foto: Getty Images/AFP/M. Bureau

A Agência Nacional de Petróleo Gás e Biocombustíveis (ANPG) e os seus parceiros do Bloco 17 (Total, Equinor, ExxonMobil, BP e Sonangol) assinaram esta segunda-feira (16.12) um acordo de extensão de todas as licenças de produção do Bloco 17, o maior produtor de petróleo bruto em Angola, até 2045. A Sonangol e a francesa Total assinaram ainda um acordo de compra e venda dos Blocos 20 e 21, localizados na Bacia do Kwanza, e que custou 359,5 milhões de euros numa primeira fase.

Em entrevista à DW África, Patrício Quingongo, diretor-executivo da plataforma online especializada no mercado petrolífero PETROANGOLA, aplaude a decisão para revitalizar a exploração de petróleo e gás em Angola. Porque se o país não fizer investimentos no setor, a produção nos próximos anos "pode estar abaixo de um milhão de barris de petróleo por dia", alerta.

DW África: Quais os benefícios dessas negociações para as partes?

Patrício Quingongo (PQ): Foi uma decisão bem tomada, porque garante a continuidade da produção do bloco. E depois a Total também vem adicionar investimento para realização de pesquisa adicional nas áreas, sempre com o objetivo de aumentar a produção petrolífera em Angola. Assinou também um contrato do Bloco 20, que é um bloco que não se encontra em produção. Angola está com um declínio de produção acentuado, na ordem dos 15%. Então, são estratégias para revitalizar a exploração de petróleo e gás cá em Angola.

Angola Luanda | Patrício Quingongo
Patrício Quingongo, diretor-executivo da PETROANGOLAFoto: Privat

DW África: Como avalia a realização dessas negociações, exatamente num momento em que a produção está a cair, mas também há perspetivas de redução da produção mundial - que incluem o acordo assinado pelos membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e os seus aliados?

PQ: A produção de Angola está bem abaixo do nível que foi estipulado pela OPEP, tanto que nós nem estamos a aplicar qualquer corte, estamos abaixo do nível. Na verdade, com esses acordos, Angola não está a dar um grande pulo na produção atual, mas está a tentar manter os níveis de produção que tem agora, que está a rondar um milhão e trezentos, um milhão e quatrocentos mil barris. Se Angola não fizer investimentos na exploração e produção de petróleo, a produção de Angola nos próximos dois, três anos pode estar abaixo de um milhão de barris de petróleo por dia, o que seria uma consequência muito negativa para o Estado angolano, visto que a economia é dependentes das receitas petrolíferas.

Angola: Acordos para frear queda na produção do petróleo

DW África: Que perspetivas tem, então, Angola de alcançar esse nível? 

PQ: Angola está com um declínio na produção porque não fez os investimentos que está a fazer agora na exploração e produção de petróleo. Os cortes de produção da OPEP vão até ao próximo ano e essa produção que Angola está a tentar alavancar, não virá até mais ou menos até 2023. Portanto, não terá um impacto direto já nos cortes de produção da OPEP.

DW África: Ficou satisfeito com a forma como esses acordos foram feitos ou esperava mais?

PQ: A medida é acertada porque vem dar um pouco de robustez à nossa economia. Penso que também não poderíamos fazer muito mais. Mas espera-se que, por exemplo, no Bloco 20, Bloco 21, se tiver recursos consideráveis, eles venham depois ajudar a alavancar a economia.

DW África: E qual seria o próximo passo para superar a queda na produção e tomar o rumo na direção de um aumento da produção?

PQ: Este declínio na produção está muito ligado à regulação e à estratégia do setor. Seria preciso montar uma estratégia do setor petrolífero, um plano estratégico, um plano diretor que vai garantir os níveis de produção aceitáveis e que satisfaçam o Governo angolano.