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Angola: Governantes são acusados de abuso de poder na Huíla

Anselmo Vieira (Lubango)
14 de janeiro de 2018

Nos Gambos, castigados pela seca, cidadãos dizem que os governantes que têm fazendas na região estão a monopolizar a água que deveria servir a todos.

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Gambos Wasserknappheit
Foto: DW/A. Vieira

Em Angola, há uma luta pela água no município dos Gambos, na província da Huíla, no sul do país. A seca tem levado a desavenças entre populares e fazendeiros. Os cidadãos acusam os fazendeiros de quererem monopolizar água que serve há muitos anos como fonte para mais de mil habitantes.

Segundo José Daniel, um dos populares, o governador da Huíla, João Marcelino Tchipingui, que também é fazendeiro, é um dos interessados. Em protesto, a população bloqueou, recentemente, o acesso à água.

"Se quiserem tirar água têm de chamar o povo do Nguelengue, para nos dizerem qual é o acordo que têm. Caso contrário, vão tirar água do rio [Caculuvare]", diz José Daniel.

Angola: Populares acusam governantes de abuso de poder na Huíla

Área é da Igreja Católica

O padre Jacinto Pio Wakussanga também protesta e lembra o governador João Marcelino Tchipingui e os fazendeiros que a zona onde há água pertence à missão católica do Tchiyepepe.

"Eles querem retirar daqui água para poderem levar para as suas fazendas e dar algumas migalhas a algumas pessoas, sustentando ser um projeto da população, o que não é", afirma Wakussanga, acrescentando que a área "é território da missão". O líder religioso ressalta que "o grosso desta comunidade faz parte de um grupo minoritário defendido em protocolos das Nações Unidas".

Políticos e fazendeiros

O diretor da Associação Construindo Comunidades (ACC), uma organização cívica que opera na região,  Domingos Fingo, diz que a maior dificuldade na mediação do conflito é o facto de alguns fazendeiros também serem governantes.

"O direito administrativo é claro e peremptório ao afirmar, em várias clausulas, que os representantes do Governo devem única e exclusivamente fazer aquilo que está previsto na norma legal e não aquilo que depende dos seus caprichos. Por isso, quando alguém é governante deve saber defender interesses coletivos e não privados ou particulares", refere.

Mas o Governo provincial da Huíla, através do diretor provincial da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Lutero Campos, minimiza a situação.

O diretor do Governo também elogia a relação com os cidadãos dos Gambos. "Não temos razão de queixa e vamos melhorando cada vez mais, pois estamos a caminho para a excelência".

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