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Angola: Suíça congela 900 milhões do genro de Agostinho Neto

Lusa
31 de agosto de 2020

Em causa estão suspeitas de lavagem de dinheiro, segundo um blogue que acompanha questões judiciais na Suíça. Carlos Manuel de São Vicente é genro do falecido Presidente de Angola, Agostinho Neto.

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Geld Geldwäsche Symbolbild
Foto: Fotolia/Feng Yu

A notícia do reputado blog judicial suíço Gotham City cita o despacho do Ministério Público da Suíça, e tem sido replicada por vários órgãos de comunicação social angolanos e pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ, na sigla em ingês), que divulgou o próprio documento judicial em que constam as acusações.

De acordo com o ICIJ, foram sete as contas congeladas do ex-presidente da AAA Seguros Carlos Manuel de São Vicente, que é marido de Irene Alexandra da Silva Neto, antiga deputada e filha do primeiro Presidente de Angola, Agostinho Neto.

 Destas sete contas congeladas, os fundos de seis delas foram já libertados, mantendo-se congelada a conta que tem cerca de 900 milhões de dólares, o equivalente a mais de 752 milhões de euros.

"Carlos de São Vicente sempre agiu em acordo com a lei"

 "O meu cliente refuta fortemente as acusações contra ele", disse a advogada Clara Poglia em declarações ao ICIJ, acrescentando que o cliente "confirma que sempre agiu em acordo com a lei e isso será demonstrado no quadro do processo criminal".

Agostinho Neto Staatspräsident von Angola von 1975 bis 1979
Carlos Manuel de São Vicente era genro de Agostinho Neto (na imagem)Foto: dapd

Nas declarações ao ICIJ, a advogada alerta ainda que "qualquer publicação de aspetos relacionados com este procedimento viola o princípio da inocência [de Carlos São Vicente], bem como os seus direitos pessoais".

As autoridades suíças alegam que entre 2012 e 2019 o empresário transferiu quase 900 milhões de dólares da companhia de seguros para as suas contas, algo que só foi descoberto quando o banco SYZ alertou para uma transferência de 213 milhões de dólares, de acordo com os documentos da acusação divulgados no site do ICIJ.

"É pouco comum para um presidente executivo e do conselho de administração ter em sua posse fundos pertencentes a uma companhia, ainda para mais uma seguradora regulada pelo Estado, apesar de ter, neste caso, poder de representação individual da companhia", lê-se na acusação divulgada pelo consórcio de jornalistas.

As 'bandeiras vermelhas'

Nos documentos, segundo o blogue Gotham City, Carlos São Vicente é citado a explicar que os 213 milhões de dólares transferidos entre contas eram um reembolso parcial de empréstimos, mas o Ministério Público argumenta que os contratos usados para sustentar a explicação foram criados só depois das transferências de dinheiro e só depois de o banco pedir mais informações".

Outra das 'bandeiras vermelhas' terá tido a ver com o pedido feito por Vicente para transferir a totalidade da sua fortuna no banco de investimento e gestão de ativos SYZ para Singapura, algo que o empresário explica com um descontentamento com a gestão das suas finanças.

A empresa petrolífera angolana, a Sonangol, tem uma participação de 10% na AAA Seguros, que foi dissolvida já este ano.

Ainda segundo o Gotham City, as autoridades angolanas não responderam ao pedido de ajuda feito pelas autoridades judiciais suíças.

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