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UNITA acusa João Lourenço de adotar "políticas erradas"

Delfim Anacleto
8 de novembro de 2023

Adalberto Costa Júnior, líder da UNITA, diz que as políticas do Executivo de João Lourenço perpetuam a pobreza em Angola. Analista David Sambongo concorda e acrescenta que "angolanos enfrentam grandes dificuldades".

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Adalberto Costa Júnior, líder da UNITA
Adalberto Costa Júnior, líder da UNITAFoto: Siphiwe Sibeko/REUTERS

Em Angola, 24 horas após os Estados Unidos da América (EUA) terem enaltecido os esforços de João Lourenço para o alcance da paz no leste da República Democrática do Congo (RDC), a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) diz que internamente o chefe de Estado tem tomado "más opções políticas".

O politólogo David Sambongo concorda com o posicionamento do presidente da UNITA e afirma que medidas económicas do Governo de João Lourenço não permitem tirar da vulnerabilidade os angolanos. 

Em entrevista à DW África, David Sambongo apela ao Presidente de Angola que se concentre na resolução do problema da subida constante preços de alimentos.

DW África: Como interpreta estas críticas do presidente da UNITA ao governo liderado por João Lourenço?

David Sambongo (DS): Relativamente ao seu posicionamento, é importante sublinhar que nós temos um quadro bastante crítico em termos de acesso à alimentação. As famílias estão a minguar. Há uma dificuldade muito premente sobretudo pela subida dos preços dos produtos da cesta básica e isso vai demonstrar cada vez mais que, apesar de um conjunto de medidas que o Presidente João Lourenço está a tomar, sobretudo medidas muito ligadas às questões económicas e sobretudo administrativa, o tecido social angolano está cada vez mais vulnerável.

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David Sambongo: "Há uma dificuldade muito premente sobretudo pela subida dos preços dos produtos da cesta básica"Foto: António Domingos/DW

DW África: Adalberto Costa Júnior não só critica como também aponta soluções que passam por reformas políticas e administrativas. Na sua ótica, que reformas seriam?

DS: É preciso desburocratizar a administração pública. Há ainda muita dificuldade, por exemplo dos cidadãos, que tem muito que ver com o acesso a serviços da própria administração pública e é preciso que se trabalhe cada vez mais para desburocratizar a administração pública. Quanto ao Presidente da República, é urgente trabalhar neste seu último mandato nos próximos três anos que faltam, devia alocar a sua atenção na mitigação dos efeitos constante da subida dos preços da cesta básica.

DW África: Enquanto se multiplicam as críticas a João Lourenço dentro de Angola, a nível internacional chegam cada vez mais elogios, por exemplo dos Estados Unidos da América, que aplaudiram os esforços do Governo angolano na manutenção da paz na Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC). Como se explica esse contraste, críticas internamente, mas elogios ao nível internacional?

DS: Isto explica-se por causa de um trabalho de marketing político institucional que se está a fazer ao nível do governo angolano. O Presidente João Lourenço virou-se para o ocidente, encetou contactos e tem uma conexão permanente quase com instituições da Bretton Woods, como o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial. Essas ligações, esses contactos permanentes fazem com que o Presidente João Lourenço tenha esta imagem externa muito forte, mas a realidade prática de Angola demonstra que ainda estamos muito distantes no que se refere à realização dos angolanos.

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