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Angolanos polarizam debate político nas redes sociais

Manuel Luamba
13 de abril de 2021

Troca de farpas entre simpatizantes de MPLA e UNITA dominam redes sociais enquanto "agenda da nação" estaria em segundo plano. "Luanda é a lixeira africana, há fome no sul e impunidade em Cafunfo", lembram ativistas.

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Social Media-Nutzung in Afrika
Foto: AFP/Getty Images/I. Sanogo

A DW África conversou com alguns jornalistas e ativistas que defendem mais "cidadania e menos militância". Entendem que há temas como o lixo em Luanda, a fome no sul de Angola e o caso Cafunfo, que mereceriam mais discussões ao nível do Estado em detrimento de questões partidárias. 

Há uma "bipartidarização da política" em Angola que não ajuda no processo de reconciliação nacional e na consolidação da democracia, afirma em entrevista à DW África, Salgueiro Vicente, jornalista da Rádio Eclésia, afeta à igreja católica.

"Há os militantes do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) e há os militantes da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) e depois há os cidadãos nacionais que somos todos nós. Mas parece que Angola é só habitada por cidadãos do MPLA e da UNITA e não há aquelas pessoas que são a maioria que não militam em nenhum dos dois partidos."

Angola  Luanda | Demonstranten befreit
Agenda nacional fora do debateFoto: Borralho Ndomba/DW

"Velha prática"

João Malavindele, coordenador da ONG angolana Omunga, com sede em Benguela, diz que essa é uma velha prática. "As vezes, as questões, sobretudo partidárias sobrepõem as questões de Estado, da nação".

Osvaldo Manuel, outro jornalista angolano, pede calma aos militantes do MPLA e da UNITA. "Penso que os tons devem baixar em prol das populações e do país também, porque os dois [partidos] têm a causa principal, que é governar o país."

João Malavidenele entende que, em Angola, devia existir "mais cidadania e menos militância" para resolver os problemas que afetam o Estado aplicando o que chama de "agenda da nação".  Para este ativista, o que se assiste neste momento é precisamente o contrário. 

"Por isso é que até hoje não se consegue encontrar uma solução para a questão da seca no sul de Angola e a questão das Lundas, nem se consegue encontrar a paz em Cabinda", opina.

Social Media-Nutzung in Afrika
Ativistas e jornalistas pedem "Menos militância"Foto: AFP/Getty Images/I. Kasamani

"O Estado não está a ver"

A seca e a fome no sul de Angola continuam a fustigar animais e cidadãos na região. Segundo a Rádio Nacional de Angola (RNA), que cita a administração do Tômbwa, mais de duas mil cabeças de gado morreram desde dezembro, vítimas da estiagem.

Salgueiro Vicente diz que o Estado deve também colocar na sua agenda os "refugiados da fome" – cidadãos angolanos do Cunene que buscam sobrevivência na vizinha República da Namíbia. "No Cunene, por exemplo, há vários cidadãos, famílias inteiras, que estão a ir para a fronteira com a Namibia. Aqueles são refugiados da fome, e o Estado não está a ver isso", diz.

Por isso, este jornalista é de opinião que é preciso priorizar o país. "É preciso olhar para a corrupção que é endémica, para Luanda que se transformou na lixeira africana. É preciso olhar para estas questões em vez de estar ali a tentar tornar extremas as posições dos dois contentores políticos do país", sugere.

Osvaldo Manuel concorda com a prioridade de temas de interesse nacional. "Penso que é fundamental abordar questões que devolvam esperança as populações".

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