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Argélia: Protestos contra o presidente interino

Jens Borchers | cvt
12 de abril de 2019

"Fora, Bensalah!", gritam os manifestantes nas ruas de Argel. Exigem a demissão do presidente interino do país, nomeado pelo Parlamento após a demissão de Abdelaziz Bouteflika. Polícia reprime protestos.

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Algerien Protest gegen Präsident Abdelaziz Bouteflika in Algiers
Manifestação a 29 de março, em Argel, pela demissão de Abdelaziz Bouteflika.Foto: Reuters/R. Boudina

Centenas de argelinos protestaram esta quinta-feira (11.04) no centro da capital contra o recém-nomeado presidente interino Abdelkader Bensalah. Os manifestantes exigiam a demissão de Bensalah, um dia depois de ele ter marcado as eleições presidenciais do país para 4 de Julho. Em Argel e na cidade de Bouira, a 100 quilómetros da capital, gritaram: "Vá embora, Bensalah!".

"Não queremos nem Bensalah nem aqueles que o nomearam. Não eles, mas o povo agora nomeia o Presidente. Nós decidimos em quem confiamos. E os outros - não precisamos deles, eles devem ir embora", afirmou um jovem manifestante em Argel.

A polícia usou gás lacrimogéneo contra manifestantes na capital. Os meios de comunicação social argelinos também relatam que a presença policial é muito mais forte do que nas semanas anteriores.

Na passada terça-feira (09.04), o Parlamento da Argélia nomeou Abdelkader Bensalah presidente interino do país, mas ele é considerado um produto do "sistema".

Abdelkader Bensalah wird Interimspräsident von Algerien
Abdelkader Bensalah, nomeado presidente interino pelo Parlamento.Foto: Reuters/R. Boudina

Bensalah, um seguidor de longa data do ex-chefe de Estado Abdelaziz Bouteflika, que se demitiu no início do mês, deve organizar uma eleição presidencial no prazo de 90 dias. Em consulta com os políticos e a sociedade civil, pretende criar uma instituição independente para garantir que as eleições sejam justas e transparentes.

Dedo em riste contra "influências estrangeiras"

A comissão eleitoral anterior estava sob o controlo do Governo e foi acusada pelos partidos da oposição de falsificar os resultados das eleições. Bensalah não adiantou de que forma a nova comissão eleitoral será formada ou quem especificamente estará envolvido.

Perante a continuação das manifestações no país, o chefe do exército Ahmed Gaid Salah afirmou que a fase de transição deve respeitar estritamente a Constituição do país. Atualmente, todas as posições importantes no Governo, no Conselho Constitucional e na presidência do Parlamento são ocupadas por seguidores de Bouteflika.

Argélia: Protestos contra o presidente interino

O general também falou de "influências estrangeiras" sobre o movimento de protestos. Sem nomear um Estado, Gaid Salah alertou contra as manipulações de um país que tinha uma história com a Argélia - provavelmente referindo-se à França: "Eles querem implementar seus planos de desestabilizar o país e semear a discórdia. Fazem-no através de exigências irrealizáveis, que conduziriam o país a um vazio constitucional e destruiriam as instituições do Estado. Querem provocar a declaração do Estado de emergência - algo que rejeitámos categoricamente."

A advertência contra "influências estrangeiras" sempre foi um dos argumentos padrão do regime argelino. O General Gaid Salah havia renunciado ao argumento durante algumas semanas. Em vez disso, enfatizou repetidamente que o exército está ao lado do povo. Mas, perante os contínuos protestos, o alerta contra a manipulação vinda do estrangeiro reaparece.

O chefe do gabinete argelino da agência noticiosa francesa AFP teve que abandonar o país, depois de ver rejeitada a renovação da sua acreditação, segundo a agência, qualificando a ação das autoridades como "inaceitável".