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Arquivadas investigações sobre assassinato de "Nino" Vieira

Lusa | ms
28 de dezembro de 2017

O Ministério Público da Guiné-Bissau vai mandar arquivar as investigações sobre a morte do ex-Presidente "Nino" Vieira, em obediência a uma ordem judicial, anunciou o procurador-geral da República (PGR), Bacari Biai.

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João Bernardo "Nino" Vieira foi assassinado na sua casa, em Bissau, a 2 de março de 2009Foto: picture-alliance/dpa/L. I. Relvas

Segundo Bacari Biai, o processo deve ser arquivado porque o Tribunal Constitucional manda que seis meses depois do início de qualquer averiguação em curso no Ministério Público ou há uma acusação ou o processo é arquivado.

Em declarações esta quinta-feira (28.12) à saída de uma audiência com o chefe de Estado, o Procurador guineense sublinhou que lamenta a diretriz do Tribunal Constitucional, pelo facto de determinar que a dedução da acusação ou o arquivamento ocorre de forma perentória findo os seis meses de investigações.

João Bernardo "Nino" Vieira foi assassinado na sua residência em Bissau, na madrugada do dia 2 de março de 2009, escassas horas após o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, Tagmé Na Waié, ter sido também assassinado, num ataque com uma bomba, no Quartel-General, na capital guineense.

"Sem provas não se podem deduzir acusações"

Desde a altura, vários procuradores-gerais têm assinalado dificuldades na recolha de elementos probatórios dos dois assassínios e agora os dois processos vão ser arquivados, confirmou hoje o PGR.

"Sem provas materiais não se podem deduzir acusações", assinalou Biai, para reforçar que a investigação da morte de "Nino" Vieira não avançou, sobretudo, por nunca ter sido possível ouvir a versão de Isabel Vieira, esposa do falecido Presidente, na qualidade de testemunha ocular do assassínio do marido.

Isabel Vieira vive no estrangeiro desde a morte de "Nino" Vieira. Bacari Biai disse que o Ministério Público já tentou por várias vezes, através de correspondências, inquirir Isabel Vieira, sem sucesso.

O procurador guineense afirmou que arquivar os processos seguindo a lei mas sublinhou que não concorda com a diretriz do Tribunal Constitucional, a quem, disse, deve ser endossada toda a responsabilidade.

"Se consultar a jurisprudência portuguesa, que é a fonte da legislação guineense, não vai encontrar nenhum artigo que fala de encerramento perentório", em situações idênticas, defendeu Bacari Biai.