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As ambições expansionistas da Sonangol

28 de fevereiro de 2011

Angola nega a compra da dívida portuguesa, em momento de crise que o país europeu vive. Esta possibilidade foi posta de parte pela SONANGOL, a maior empresa pública angolana.

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Na foto uma refinaria de petróleo em Angola. A petrolífera nacional, Sonangol, já fez saber que vai tirar partido da alta do preço de petróleo no mercado internacionalFoto: picture-alliance / Alan Gignoux / Impact Photos

Está descartada, por enquanto, a compra da dívida portuguesa por Angola através da Sonangol, Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola. Isto mesmo foi dito pelo presidente do conselho de administração da petrolífera angolana. Mas Manuel Vicente deixa tudo em aberto: "A Sonangol de momento não vai comprar dívida portuguesa, agora nós estamos num mercado e se for um bom negócio como outro qualquer, pode ser comprado, mas não há intenção directa de comprarmos a dívida portuguesa."

Bildkombo Flaggen Angola und Portugal
Os investimentos de Angola em Portugal aumentam consideravelmenteFoto: AP Graphics/DW Fotomontage

De olho na Galp

O Presidente do Conselho de Administração da Sonangol, Manuel Vicente, falou ainda sobre os ganhos da sua empresa. A petrolífera registou, em 2010, lucros líquidos de mais de 3 mil milhões de dólares. Sobre a compra da parte das acções da portuguesa GALP, Angola assume a necessidade de ter sim uma participação directa."Nós temos dito que os gostos não se discutem nos jornais", disse Manuel Vicente, explicando que há um pacto a vigorar, que é uma iniciativa da sua empresa junto do governo português para no caso de alguma alteração da actual composição acionista da Galp, a Sonangol poder ter uma participação directa. E Manuel Vicente adverte: "Mas em nenhum momento dissemos que queriamos aumentar a nossa participação na Galp... o nosso objectivo é ter uma participação directa"

Depois da crise económica de há dois anos, hoje a petrolífera angolana aponta que esta situação vai facilitar a acumulação de divisas para o fundo soberano e os activos angolanos no exterior. A crise no Médio Oriente trouxe alegria para Angola: "Neste momento há ganhos, este é um momento de reflexão e deve ser de reflexão permanente, não sei onde isto vai parar. " Mas Manuel Vicente também consegue ver o outro lado da actual situação: "Uma grave crise no Médio Oriente não sei se traz ganhos ou prejuizos, creio que traz prejuizos porque depois vem a instabilidade política que pode ter consequências maiores."

Bissau Guinea Afrika
Na imagem uma zona de Bissau, capital da Guiné-Bissau. Angola tem também neste país interesses económicosFoto: picture-alliance / maxppp

Alargando horizontes

A Sonangol, hoje é a maior empresa pública do Estado, atuando para além dos petróleos, na área imobiliária, gestão de empresas, aviação e agricultura. Mas o presidente do conselho de administração rebate as críticas sobre actuação fora do objecto social da empresa:"Esta empresa tem um dono, que é o Estado, e nós estamos aqui para servir o dono da empresa e se ele me mandar fazer alguma coisa, vai caber a mim analisar e se puder fazer faço, mas se não, ponho o meu lugar à disposição."

Este ano poderá haver participação na exploração de petróleo na Venezuela, Cuba e Iraque, cujos acordos foram assinados nos últimos meses. Isto para além da influência na Guiné-Bissau e em São Tomé e Príncipe. Um dos objectivos estratégicos da Sonangol é concluir a construção da Refinaria do Lobito em 2015, pois mesmo produtor de crude, Angola apenas tem uma refinaria de petróleo.

Autor: Manuel Vieira
Revisão: Nádia Issufo/António Rocha