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Assembleia na IURD: Polémica reacesa ou desfecho do caso?

12 de janeiro de 2024

Direção da Igreja Universal do Reino de Deus em Angola (IURD), ligada à ala brasileira, convoca assembleia-geral para eleger novos órgãos sociais e diz que isso põe fim a conflito. Mas o ato é refutado pela ala angolana.

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Angola Januar 2024 | IURD Angola
Foto: Borralho Ndomba/DW

Em cumprimento ao acordo conciliatório mediado pelo Estado angolano em agosto de 2023, a Igreja Universal do Reino de Deus, IURD, iniciou hoje (12.01) uma assembleia-geral extraordinária, num evento em que os fiéis são chamados a eleger a nova direção da congregação. São esperados 30 mil fiéis, segundo a ala brasileira.

A IURD em Angola mantém um conflito há vários anos, com uma liderança dividida entre a ala reformista, dita angolana, chefiada por Valente Bizerra Luís, e a ala brasileira, fundada pelo bispo brasileiro Edir Macedo, liderada atualmente pelo também angolano Alberto Segunda, que substituiu no cargo o brasileiro Honorilton Gonçalves, condenado pelos crimes de violência física e psicológica a três anos de pena suspensa.

Agora, a votação, realizada em várias províncias do país, poderá ditar o fim definitivo do conflito na IURD e a reabertura dos templos, encerrados desde 2019. A direção eleita deve tomar posse no domingo.

Fiéis da IURD rezam após reabertura dos templos (foto ilustrativa)
Fiéis da IURD rezam após reabertura dos templos (foto ilustrativa)Foto: Borralho Ndomba/DW

"Temos fé"

Num convite à imprensa para a cobertura do ato a direção da IURD sublinhou que a associação religiosa é liderada pelo bispo Alberto Segunda. Ouvido pela DW, nesta sexta-feira, ele disse "ter fé" de que a assembleia colocará fim ao conflito.

"Nós temos fé de que este pleito vai determinar o fim do conflito da Igreja Universal, porque as pessoas que fazem parte deste pleito não são apenas de um lado, são dos dois lados. São de todos os fiéis da IURD, independentemente de que ala pertencem", disse à DW.

Alberto Segunda acrescentou que a votação "é de grande valia e certamente vai culminar com o fechamento destes conflitos, que já se arrastam há quase quatro anos".

Além do bispo, alguns fiéis ouvidos pela DW também se mostram otimistas, "viemos aqui votar para ver se este problema termina. Temos a fé de que já terminou mesmo, para podermos continuar dentro das nossas igrejas", disse uma fiel que estava a votar na assembleia 001, hoje, em Luanda.

Fiéis a votar na assembleia 001, em Luanda, nesta sexta-feira
Fiéis a votar na assembleia 001, em Luanda, nesta sexta-feira (12.01)Foto: Borralho Ndomba/DW

"Não convocamos assembleia" 

Porém, num outro comunicado de imprensa, assinado pelo presidente da assembleia-geral da IURD-Angola - o bispo Capinha Salvador Paulo Domingos -, os dissidentes da ala angolana, liderada pelo bispo Valente Bizerra, disseram que a IURD-Angola não convocou nenhuma assembleia-geral. 

E que, além disso, não se vincula à assembleia-geral convocada por um dos bispos ligados ao bispo Alberto Segunda. O grupo disse que esta é "uma assembleia realizada em falsa qualidade para ludibriar os fiéis e a sociedade, sem que para tal tenha sido mandatado pela direção da Igreja".

A liderança de Valente Bizerra apelou ainda aos fiéis "a não aderirem a quaisquer movimentos que visam a divisão".

Nesta sexta-feira, cerca de 10 mil fiéis terão sido cadastrados apenas na assembleia 001, em Luanda, visitada pela DW – segundo estimou o próprio presidente da assembleia, Américo Dala.

Ele refutou quaisquer ilícitos no cadastramento, dizendo que "a única coisa que pode confrontar que [uma pessoa] é membro [da igreja] é o cadastramento, e o cartão de cadastramento que os membros receberam", disse.

"É isso [o cartão de cadastramento] que prova que se é membro da igreja... e nós queremos evitar que digam que ‘não houve lisura'. Ontem, ouvi um comentário de que fomos ‘buscar pessoas nas ruas' para trazer para votar', mas não é isso", argumentou.