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Ataques a Fransual Dias: "Estamos num Estado de terror"

Iancuba Dansó (Bissau)
5 de maio de 2023

Ataque por homens armados à residência do analista político Fransual Dias está a suscitar reações de todas as franjas da sociedade guineense que apelam por medidas que impeçam repetição de atos do género.

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Atacantes incendiaram a viatura de Fransual Dias
Atacantes incendiaram a viatura de Fransual DiasFoto: privat

Este é mais um ato marcante na história recente da democracia da Guiné-Bissau.

Desta vez, indivíduos armados atacaram a tiro, na madrugada desta sexta-feira (05.05), a residência de Fransual Dias, analista político, dirigente do Partido da Renovação Social (PRS) e membro do Conselho do Estado. Uma viatura do analista foi incendiada em frente à sua residência. 

O ataque acontece depois de vários outros casos em que as vítimas foram órgãos de comunicação social, jornalistas e até líderes políticos. Mas as autoridades permanecem em silêncio.

Fernando Dias, presidente em exercício do Partido da Renovação Social (PRS), exige que este seja o último caso contra a integridade física e a vida dos cidadãos, e promete uma resposta à ação futura.

"Não queremos que o PRS venha a ser responsabilizado pelas futuras consequências, porque, não obstante não termos armas, não termos o poder, mas temos a legitimidade de reagir no caso da nossa vida e a nossa instituição estarem a ser postas em causa. E temos várias ferramentas políticas que podemos utilizar para defender a nossa organização e cada um dos nossos militantes," disparou.

Ataques a Fransual Dias: "Estamos num Estado de terror"

"Estado de terror"

Perante mais este caso contra um cidadão nacional, o jurista Cabo Sanhá descreveu à DW África a situação do país.

"Claramente, salta à vista de todo o cidadão guineense que basta uma pessoa emitir a opinião para, horas depois, ser atacada na calada da noite, na sua casa. Porque as pessoas que não emitem opinião não são atacadas. Porque há tanta coincidência a cada vez que um cidadão emite uma opinião é alvo na sua casa?" questiona.

"Portanto, aqui é mais uma prova que estamos num Estado de não direito, um Estado de terror", avalia.

Busca por Justiça

Fransual Dias responsabiliza a Presidência da República pelo ataque à sua residência. A DW África contatou a entidade visada, mas não foi possível obter qualquer reação sobre esta acusação.

O presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos, Augusto Mário da Silva, condena a violência contra Fransual Dias.

"É mau sinal e as autoridades políticas devem utilizar todos os meios disponíveis para efetivamente identificar os autores deste ato cobarde e de baixo nível, para devolver a confiança dos cidadãos nas instituições públicas e na ordem pública," defende.

O presidente em exercício do PRS, Fernando Dias, espera uma reação da comunidade internacional: "Estamos a aguardar o papel que a comunidade internacional vai julgar em relação à tentativa de assassinato de um indivíduo na sua residência, sobretudo um deficiente motor. Como é que é possível você pensar que uma pessoa que não consegue deslocar-se por si só pode ser alvo de uma tentativa com armas e tudo?"

"Dirigiram tiros à minha casa", ralata Fransual Dias