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Ativistas condenados por "terrorismo" nos Camarões

Reuters | AFP | AP | tms
26 de maio de 2018

Entre os ativistas está um jornalista, condenado a 15 anos de prisão por "atos de terrorismo, hostilidade contra a pátria, secessão e insurreição". Defesa promete recorrer da decisão.

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Protesto pela libertação dos ativistas anglófonos em Bamenda (setembro de 2017)Foto: Getty Images/AFP

A Justiça dos Camarões condenou sete ativistas da minoria anglófona do país a penas de até 15 anos de prisão por rebelião e atos de terrorismo, informou o advogado de defesa dos acusados este sábado (26.05).

As autoridades detiveram o jornalista Mancho Bibixy e dezenas de ativistas no ano passado, como medida de repressão ao movimento independentista da região anglófona do país, que entrou em conflito com o Governo do Presidente Paul Biya.

De acordo a agência de notícias AFP, o tribunal militar em Yaoundé considerou Bibixy culpado, acusando-o de "atos de terrorismo, hostilidade contra a pátria, secessão, revolução e insurreição".

Segundo relatou à agência de notícias Reuters o advogado Claude Assira, um dos ativistas foi absolvido. Ainda de acordo com a defesa, a condenação dos outros seis ativistas, incluindo Bibixy, pode piorar o clima de tensão na região.

Além das penas de prisão, que variam de 10 a 15 anos, os seis condenados também devem pagar uma multa conjunta de 268 milhões de francos CFA (398 mil euros) e mais taxas legais. "A decisão é excessiva e inútil porque não resolverá o problema" da crise anglófona nos Camarões, disse Claude Assira, que afirmou à AFP que apelaria da decisão.

Crise na região anglófona

Kamerun Proteste
Repressão policial na região anglófona (outubro de 2017)Foto: Getty Images/AFP/STRINGER

A minoria anglófona – que remonta ao período colonial e representa cerca de um quinto da população de 22 milhões de habitantes dos Camarões – há muito se queixa de sofrer discriminação nas mãos do Governo francófono.

O que começou como um movimento de protesto pacífico em 2016 por professores e advogados contra a percepção de marginalização da minoria de língua inglesa tornou-se um conflito armado no ano passado após a violenta repressão por parte das forças do Governo.

A repressão ajudou a alimentar o apoio a movimentos separatistas radicais, incluindo grupos armados com o objetivo de criar um Estado independente. Em outubro de 2017, foi declarada a independência simbólica da região.

Desde então, a violência entre rebeldes anglófonos armados e forças do Governo ocorre quase diariamente nas províncias rebeldes. Os sequestros tornam-se cada vez mais frenquentes, com autoridades, estrangeiros e locais visados.

Dezenas de milhares de camaroneses fugiram de represálias das forças do Estado para a vizinha Nigéria, e o embaixador dos Estados Unidos nos Camarões acusou na semana passada o Governo de Yaoundé de assassinatos seletivos, incêndios criminosos e saques. Mas o Governo nega essas alegações.