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Ativistas namibianos exigem diálogo direto com Alemanha

Daniel Pelz / hfg30 de maio de 2016

Os ativistas ameaçam levar a Alemanha a tribunal se não houver negociações tripartidas sobre o genocídio na Namíbia cometido pelas tropas alemãs na antiga colónia, no início do séc. XX.

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Tropas alemãs na Namíbia mataram 80 mil pessoasFoto: picture-alliance/dpa/W. Gebert

A Alemanha e a Namíbia continuam a debater um delicado legado do passado colonial: o genocídio dos povos nama e herero, no início do século XX, às mãos do exército alemão.

Entre 1904 e 1907, as tropas coloniais alemãs esmagaram de forma sangrenta a revolta dos dois povos na colónia alemã do Sudoeste Africano, hoje Namíbia. Morreram cerca de 80 mil pessoas.

Vários políticos alemães têm pedido desculpas pelos eventos. Mas, durante décadas, os Executivos têm-se negado a reconhecer as execuções em massa como "genocídio". Só no ano passado o presidente do Parlamento alemão, Norbert Lammert, usou a palavra para descrever o que aconteceu na altura. Ainda não houve, porém, um pedido de desculpas oficial.

Em 2015, os Governos de Windhoek e Berlim iniciaram um diálogo formal para o reconhecimento das atrocidades na Namíbia. As possibilidades de a Alemanha pedir oficialmente desculpa, no final do processo, são elevadas. Mas vários descendentes das famílias das vítimas não estão satisfeitos com a forma como decorrem as conversações.

Diálogo direto

Namibia Genozid deutscher Truppen Hereros erinnern an Kolonialverbrechen
Ativistas lembram genocídioFoto: picture-alliance/dpa/W. Gebert

Para alguns membros dos povos herero e nama um pedido de desculpas não é suficiente. Exigem negociações tripartidas e não apenas entre os Governos alemão e namibiano.

"Não temos mais paciência. Esgotámos todas as vias diplomáticas. Não temos nenhuma confiança no Governo alemão e ainda menos no Governo namibiano. Eles ignoram-nos", afirma o ativista herero Israel Kaunatjike.

"Nós somos os descendentes das vítimas. O Governo da Namíbia devia estar neste processo apenas como uma espécie de 'árbitro'."

Os ativistas contam com apoio no Parlamento alemão: "A grande questão é: Serão os descendentes das vítimas herero e nama incluídos num acordo entre os dois Governos?", diz Niema Movassat, d'A Esquerda, o partido que apoia a participação dos descendentes das vítimas nas negociações.

Representantes das vítimas pensam mesmo recorrer ao Tribunal de Justiça Internacional (TJI), em Haia, deixando claro que não vão aceitar um pedido de desculpas acordado sem eles.

Descendentes querem ser indemnizados

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Israel Kaunatjike e outros representantes dos herero querem que a Alemanha pague uma reparação financeira direta aos descendentes das vítimas do genocídio. Por isso pensam recorrer ao TJI. O tribunal ajuda em casos específicos a resolver diferendos entre Governos, Estados e empresas, ou entre Estados e a sociedade civil. Os advogados dos herero ainda não moveram um processo - mas, mesmo que o façam, não é certo que o tribunal aceite a sua causa.

Desde a independência, a Namíbia já recebeu da Alemanha cerca de 800 milhões de euros, uma ajuda ao desenvolvimento vista por alguns como uma forma indireta de indemnização.