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MigraçãoÁfrica do Sul

Aumentam entradas ilegais de moçambicanos na África do Sul

Milton Maluleque (Joanesburgo)
20 de janeiro de 2021

Com o encerramento, a 12 de janeiro, das 20 fronteiras terrestres da África do Sul, aumentaram as entradas ilegais no país. Entre os migrantes que "furam" a fronteira estão centenas de moçambicanos.

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Fronteira de Ressano Garcia, MoçambiqueFoto: Silva Romeu/DW

Em nove dias de fronteiras fechadas, cerca de mil moçambicanos tentaram entrar ilegalmente na África do Sul e foram detidos e deportados. Muitos tentam entrar na África do Sul mais do que uma vez. O desespero é grande.

"Não me vou sentar e cruzar as mãos. Isso não me vai dar comida. Vou tentar atravessar a fronteira até conseguir chegar onde vou. Tentei duas vezes e me pegaram, mas não vou desistir", garante um imigrante à DW África.

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As autoridades de imigração da África do Sul afirmam que estão a deportar, a cada 20 minutos, dezenas de imigrantes ilegais. O país fechou as fronteiras terrestres até 15 de fevereiro para evitar longas filas nos postos fronteiriços e travar a propagação da Covid-19, em particular desde que foi descoberta uma nova estirpe, considerada mais contagiosa.

No meio de um grupo de homens que se fez às matas para tentar chegar a Joanesburgo, encontramos uma senhora, com aparência de 30 anos de idade, com uma criança às costas e uma pequena pasta.

"Encontro-me aqui porque vendo bens como forma de obter dinheiro para o sustento e educação dos meus filhos. Tenho passaporte, mas, como não estão a aceitar dar-me o visto de entrada, não me restou outra opção a não ser atravessar a fronteira ilegalmente", conta.

Do outro lado da estrada aguarda um "minibus" de matrícula sul-africana, que rapidamente recolhe os imigrantes ilegais e inicia o seu percurso.

Conivência da guarda-fronteira

Estas travessias clandestinas estariam a acontecer com a conivência de alguns guardas de fronteira, mediante pagamento, segundo o relato de várias pessoas que conseguiram chegar a Joanesburgo.

Mosambik | Grenzort Ressano Garcia
Comércio de rua na zona de fronteira em Ressano GarciaFoto: Silva Romeu/DW

Os guardas não falam sobre o assunto. O diretor geral da fronteira de Lebombo, Tommy Makhode, denuncia a existência de um "sindicato" que transporta os imigrantes.

Para o travar, foram erguidos vários postos de controlo, desde a fronteira de Lebombo até à fronteira de Mbuzine, numa distância de cerca de 100 quilómetros: "Estamos preocupados pelo facto de, apesar de informarmos repetidamente que somente os portadores de documentos válidos, segundo as nossas leis de imigração, podem entrar no nosso país, continuamos a assistir a grande número de ilegais a entrar na nossa República, através de áreas não designadas de pontos de entrada".

No entanto, o responsável diz não saber o número exato de moçambicanos que atravessaram ilegalmente a fronteira para a África do Sul desde o encerramento das fronteiras, a 12 de janeiro.

Até ao fecho desta reportagem, as autoridades moçambicanas, através da sua Embaixada em Pretória e do seu Consulado em Mpumalanga, não aceitaram comentar o assunto.

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