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Autoridades líbias dispostas a trocar detidos do TPI por informações

12 de junho de 2012

Em violação da imunidade diplomática, Melinda Taylor vai passar mais uma noite detida na Líbia. Poderá ser libertada em troca de informações sobre o paradeiro de um ajudante do filho de Mouammar Kadhafi.

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Autoridades líbias trocam detidos do TPI por informações
Autoridades líbias trocam detidos do TPI por informaçõesFoto: REUTERS

A advogada australiana e três outros colegas do Tribunal Penal Internacional (TPI) estão detidos, desde 7 de junho, por uma milícia de Zenten, a 170 km a sudoeste da capital Trípoli. A equipa é acusada de espionagem depois de uma reunião que manteve com Seif al-Islam Kadhafi, filho do ex-dirigente líbio Mouammar Kadhafi.

Segundo autoridades líbias, a advogada Melinda Taylor teria transmitido a Seif al-Islam informações provenientes de Mohammed Ismail, um ex-membro do regime de Kadhafi, ajudante do seu filho e procurado pelas atuais autoridades líbias.

Recorde-se que a advogada faz parte do coletivo designado pelo TPI para assegurar a defesa de Seif al-Islam Kadhafi, no quadro de um eventual processo na sede daquele tribunal em Haia, na Holanda. Taylor assegura esta tarefa juntamente com Xavier-Jean Keita, responsável pelo gabinete do conselho público para a defesa (OPCD).

Seif al-Islam, de 39 anos de idade, tem um mandato de prisão do TPI por crimes contra a humanidade, cometidos durante a revolta que provocou o derrube e depois a morte do coronel Mouammar Kadhafi, em outubro de 2011.

Imunidade do TPI está a ser violada

Uma outra equipa do TPI já está na Líbia, desde segunda feira (12.06), e deverá deslocar-se a Zenten para tentar solucionar o problema. Entretanto, o presidente do tribunal internacional, o juiz Sang-Hyung Son, já exigiu a libertação imediata de todos os detidos.

O advogado Xavier-Jean Keita denunciou a prisão dos quatro funcionários como uma violação dos princípios do TPI.

Xavier-Jean Keita explicou à DW África que “a 2 de março, o nosso encontro com Seif al-Islam teve lugar nas condições indicadas pelo Tribunal, que são condições universalmente reconhecidas: o segredo profissional e a confidencialidade. E os líbios também reconheceram esses princípios. Como prova disso, esses princípios foram aplicados”.

Dados esses requisitos, o advogado entende que “não havia razões para que este encontro não se desenrolasse nas condições fixadas pelo Tribunal. O pessoal do TPI e os advogados beneficiam de privilégios e de imunidade. E isso não é contestável”, disse Xavier-Jean Keita.

Mais complicado do que parece

Esta terça feira (12.06), Mohamad al Hereizi, um porta-voz do governo líbio indicou que a equipa do TPI poderá ser liberta em troca de informações, nomeadamente sobre o paradeiro de Mohammed Ismail.

Mas a situação parece ser muito mais complicada, na medida em que o próprio governo líbio não tem autoridade sobre a milícia de Zenten, onde se encontra detida a equipa.

O advogado Xavier-Jean Keita entende que “se os líbios têm problemas internos isso não nos diz respeito, [a detenção da equipa] é um problema entre o Tribunal Penal Internacional e o Estado líbio”.

Keita prossegue, recordando que “na nossa primeira deslocação à Líbia, constatamos que Seif al-Islam Kadhafi estava detido por uma milícia sob a qual o Conselho Nacional de Transição (CNT) não tem qualquer tipo de controlo. Falamos com o CNT e veiculamos a nossa mensagem”.

Depois de uma reunião na segunda-feira (11.06) com o Procurador-Geral líbio, os emissários do TPI confirmaram, esta terça-feira (12.06), que os quatro funcionários do tribunal estão detidos, preventivamente, por um periodo máximo de 45 dias, como anunciaram as autoridades líbias.

Autor: Frejus Quenum / António Rocha
Edição: Glória Sousa / Nádia Issufo

12.06.12 TPI Líbia - MP3-Mono

Saif al-Islam Kadhafi tem um mandato de prisão do TPI por crimes contra a humanidade
Saif al-Islam Kadhafi tem um mandato de prisão do TPI por crimes contra a humanidadeFoto: dapd
Melinda Taylor e três outros colegas do TPI estão detidos desde 7 de junho na Líbia
Melinda Taylor e três outros colegas do TPI estão detidos desde 7 de junho na LíbiaFoto: dapd