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Autárquicas: Libertados jovens detidos nas manifestações

31 de outubro de 2023

Tribunal do distrito de KaMpfumo anunciou hoje que não encontrou elementos de prova para condenar os cerca de 30 jovens. Cabeça de lista da RENAMO suspeita de "infiltrados" nas marchas para criar a desordem.

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Marcha da RENAMO em Maputo
Cerca de 30 jovens foram detidos durante as manifestações populares de sexta-feira passada (27.10), em MaputoFoto: Amós Fernando/DW

Foram restituídos à liberdade cerca de 30 jovens acusados de vandalismo durante as manifestações populares de sexta-feira passada (27.10), em Maputo, convocadas pela Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO).

A juíza Isaura Pereira disse que não viu motivos para manter os jovens detidos. Nos protestos, a polícia disparou gás lacrimogéneo e ocorreram escaramuças. O tribunal não encontrou provas de envolvimento dos jovens.

Venâncio Mondlane, cabeça de lista da RENAMO para a autarquia da capital moçambicana, diz que foi esta terça-feira (31.10) até ao tribunal para "mostrar que não tem medo". Mondlane foi acusado de ser o mandante dos distúrbios em Maputo.

"Nós estamos a marchar há 15 dias e nesses 15 dias nem sequer o espelho de um carro foi quebrado", garantiu.

"Portanto, nós controlámos muito bem. Anunciámos para toda a malta que vai às nossas marchas que é uma marcha pacífica, que é preciso proteger - não só não destruir, mas proteger - os bens públicos e privados. E em 15 dias, nunca aconteceu nenhum distúrbio", disse.

"Condições desumanas"

Antes, as famílias dos jovens detidos já tinham apelado à sua libertação. E protestaram em frente ao tribunal.

"Isto não tem cabimento, as coisas verdadeiras têm de ser ditas. As eleições foram ganhas pela RENAMO, porque é que temos de andar a esconder e matar pessoas", questionou o representante de uma das famílias.

Polícia dispara gás lacrimogéneo contra apoiantes da RENAMO

O advogado dos jovens, Vitor da Fonseca, denunciou "condições desumanas" de detenção.

"Isto mostra, mais uma vez, uma violação grave aos direitos fundamentais, ao direito à vida", afirmou. "Estes são jovens que são identificáveis, que têm residências. No momento da detenção, deviam ter recolhido esses dados, os contactos dos seus familiares, e deviam ter respondido em liberdade".

Troca de acusações

Na sexta-feira passada, durante os protestos, várias lojas foram saqueadas. O cabeça de lista da RENAMO diz que sabe quem foi o mentor dessa desordem: "São pessoas que foram infiltradas, temos informações disso", afirmou.

"Eram pessoas que não eram nem da RENAMO, nem pertenciam aos jovens que foram mobilizados de boa-fé para participarem na caravana. Temos informações de que essas pessoas até foram pagas pelos serviços de segurança para fazerem distúrbios", acusa Venâncio Mondlane.

A polícia moçambicana acusou ontem a RENAMO de usar bombas caseiras nas manifestações em Nampula. O partido prometeu, na sexta-feira passada, que os protestos vão continuar em todo o país, em repúdio aos resultados que deram a vitória ao partido no poder, a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), em 64 das 65 autarquias. 

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