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Bamako em ebulição

AFP | Lusa | kg
11 de julho de 2020

Protestos na capital do Mali contra o Presidente Ibrahim Boubacar Keita deixaram um morto e 20 feridos. Esta é a terceira grande manifestação em menos de dois meses. Manifestantes atacaram a sede do Parlamento.

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Protestos em Bamako, Mali
A capital maliana, Bamako, é marcada por manifestaçõesFoto: picture-alliance/AP Photo/B. Ahmed

A capital do Mali viveu na sexta-feira (11.07) o dia mais tenso em um ano, marcado por uma manifestação contra o Presidente do país, Ibrahim Boubacar Keita. Os protestos deixaram um morto e 20 feridos. Houve também ataques a edifícios públicos, incluindo a sede do Parlamento maliano. 

Esta foi a terceira grande manifestação organizada em menos de dois meses pela coligação do Movimento do 5 de Junho, integrado por religiosos, políticos e personalidades da sociedade civil, que contesta a Presidência de Keita, que está no cargo desde 2013. A contestação liderada pelo imã Mahmoud Dicko, faz recear aos parceiros do Mali uma agravação da instabilidade do país.

O Mali é confrontado desde 2012 com ataques de milícias fundamentalistas, a que se juntaram desde há cinco anos confrontos intercomunitários. Para mais, este fenómeno repete-se nos vizinhos Burkina Faso e Níger, desde 2015.

"Registámos 20 feridos e um morto na morgue", declarou Yamadou Diallo, médico do serviço de urgência do hospital Gabriel Touré, na capital, à agência de notícias francesa AFP.

Protestos em Bamako
Protestos em Bamako são convocados pelo Movimento do 5 de JunhoFoto: Reuters/M. Rosier

Ataque ao Parlamento

Depois da manifestação, os protestos continuaram e a sede da Assembleia Nacional foi atacada. "Vários gabinetes foram saqueados, documentos destruídos e bens roubados", disse um dirigente da instituição. "As forças da ordem tiveram de disparar", acrescentou.

Os dois canais da televisão pública do país deixaram de emitir na sexta-feira (10.07). Os manifestantes dirigiram-se à sede da rádio e televisão públicas, onde ocuparam a antena. Outra parte do grupo ocupou duas das três pontes da cidade. Em pontos dispersos, registaram-se incêndios esporádicos, alimentados pela queima de pneus.

"O Presidente da República dececionou com o seu último discurso", declarou um dos dirigentes do movimento de contestação, Nouhoun Sarr, referindo-se a um discurso do chefe de Estado dois dias antes a tentar apaziguar as tensões. "Agora já não o consideramos Presidente", afirmou Issa Kaou Djim, outro dirigente dos contestatários.

O Movimento 5 de Junho exige a dissolução do Governo, a formação de um Executivo, bem como a substituição de nove membros do Tribunal Constitucional, acusados de articulação com o poder político.