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Bissau indica que ataque a quartel foi tentativa de golpe de Estado

22 de outubro de 2012

O governo de transição de Bissau diz que o assalto ao quartel dos Pára-Comandos, neste domingo (21.10), tinha como objetivo fazer voltar Carlos Gomes Júnior ao poder e pressionar o envio de uma força estrangeira ao país.

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Governo de transição da Guiné-Bissau
Governo de transição da Guiné-BissauFoto: DW

Seis homens foram mortos após tiroteio em quartel junto ao aeroporto internacional na capital da Guíné-Bissau. A área foi palco de um violento confronto envolvendo militares e um grupo armado na madruga deste domingo (21.10).

Dados preliminares avançados pelo governo de transição apontam para uma ação concertada entre elementos recrutados na zona de Casamança, comandados pelo capitão Pansau Ntchama.

Ele foi guarda-costas do ex-chefe das Forças Armadas, Zamora Induta, quando Carlos Gomes Júnior era ainda primeiro-ministro do país.

Pansau Ntchama estava em Lisboa, Portugal, com o estatuto de exilado político por ter sido apontado como um dos rostos no assassinato do Presidente João Bernardo Vieira a 2 de março de 2009. Ele terá voltado à Guiné-Bissau há 8 dias.

Segundo informações do governo de transição, até ao momento, este militar está em lugar incerto.

Resultados do ataque

O excessivo poder dos militares também impede que o país viva em estabilidade
O excessivo poder dos militares também impede que o país viva em estabilidadeFoto: Reuters

Quanto ao resultado do ataque, o governo, através do seu porta-voz, Fernando Vaz, informou neste domingo (21.10), em Bissau, que "seis agressores morreram durante o assalto, duas pessoas foram capturadas, há um ferido da parte do governo e alguns dos assaltantes estão à monte."

O repórter da Rádio Jovem, Mamado Lamine Marna, que esteve no local logo nas primeiras horas do dia, detalhou a situação no quartel depois do ataque. "Horas depois [do ataque] membros do governo foram ao local onde estavam os cadáveres deitados no chão, numa casa ao lado do quartel onde tudo aconteceu. Na altura constatamos que a população estava em pânico", descreveu Marna.

Bissau apresenta sua versão da causa do ataque

Carlos Gomes Júnior tem o apoio da CPLP, mas até agora o retorno ao poder mostra-se uma miragem
Carlos Gomes Júnior tem o apoio da CPLP, mas seu retorno ao poder mostra-se uma miragemFoto: DW

Ainda em conferência de imprensa, o governo, através do seu porta-voz Fernando Vaz, apresentou os objetivos que, a seu ver, originaram os ataques. "Naquilo que tem sido tónica do discurso da CPLP (Comunidade de Países de Língua Oficial Portuguesa), de Portugal e de Carlos Gomes Júnior, [o ataque] insere-se na estratégia de fazer voltar Carlos Gomes Júnior. Custe o que custar."

Recorde-se que o ex-primeiro ministro, Carlos Gomes Júnior, foi deposto no passado dia 12 de abril através de um golpe militar. O governo de transição garantiu que as forças guineenses de defesa e segurança puseram cobro a ação.

Na ótica de Bissaum, o ataque foi premeditado para desestabilizar a ordem legal, cujo o objetivo principal é "criar um facto político para forçar a intervenção de uma força internacional armada na Guiné-Bissau", conclui o governo através do seu porta-voz, Fernando Vaz.

Olho aberto apesar da tranquilidade

Os guineenses são frequentemente abalados por ataques militares e golpes de Estado
Os guineenses são frequentemente abalados por ataques militares e golpes de EstadoFoto: DW/Ferro de Gouveia

Na ponta final do comunicado, o governo informa que as investigações do caso prosseguirão sob alçada dos órgãos competentes. Por questões de segurança, as fronteiras terrestres foram fechadas na tarde desse domingo (21.10).

Em Bissau, a vida voltou logo a normalidade com o comércio a funcionar e as pessoas a movimentarem-se pelas ruas da capital guineense sem medo.

Também não houve presença de militares nas ruas durante todo o dia, mas a segurança foi reforçada em frente aos quarteis e as vias de acesso estão cortadas.

Autor: Braima Darame (Bissau)

Edição: Nádia Issufo/Márcio Pessoa

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