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Bissau: Prolongar estado de emergência foi decisão correta?

Iancuba Dansó (Bissau)
26 de maio de 2020

Prolongamento do estado de emergência gerou polémica. Por um lado, há quem aplauda a medida e peça até mais ações do Governo. Por outro, há quem entenda que se trata da consolidação de um "golpe de Estado".

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Foto: DW/B. Darame

Os casos de Covid-19 não param de aumentar na Guiné-Bissau e, pela quarta vez, o Presidente Umaro Sissoco Embaló decretou o prolongamento até 10 de junho do estado de emergência no país. Já foram registadas quase 1.200 infeções pelo novo coronavírus. Sete pessoas perderam a vida, sendo a última vítima mortal um cidadão português de 71 anos, que se encontrava internado num hospital, em Cumura, a 12 quilómetros de Bissau.

O analista político Mariano Pina aplaude a decisão do chefe de Estado guineense: "Já que as medidas que foram tomadas não foram eficazes ou não foram acatadas, Sissoco não tinha outra escolha, foi preciso renovar o estado de emergência".

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Para Mariano Pina, as autoridades guineenses deveriam tomar medidas ainda mais rígidas para conter os avanços da doença e preservar o sistema de saúde.

"As medidas têm que ser tomadas, quer a nível científico, quer a nível da ordem, porque vai chegar a certa altura em que nem vamos ter ninguém no hospital para cuidar dos doentes e todo o mundo vai fugir", acrescentou.

"Golpe de Estado consolidado"

Contudo, o secretário-geral do Movimento dos Cidadãos Conscientes e Inconformados (MCCI), Isidoro Sá, não concorda com o novo prolongamento do estado de emergência. Segundo o ativista, a medida visa consolidar o "golpe de Estado" na Guiné-Bissau.

"Como é que é possível aumentar o estado de emergência sem ter um relatório final de uma comissão [comissão interministerial] que foi extinta pelo golpista Umaro Sissoco Embaló? Não temos um relatório final do que aconteceu", indagou.

"Primeiro faz-se um balanço e depois [prolonga-se] o estado de emergência, mas ninguém está a perceber. Isto, para mim, não passa de um golpe de Estado que está a ser consolidado."

A comissão interministerial de acompanhamento dos casos da Covid-19 no país foi extinta, na semana passada, pelo Presidente da República, sem que tenha sido explicado o motivo. Umaro Sissoco Embaló criou, entretanto, um alto comissariado com os mesmos propósitos, mas que deverá responder diretamente a ele.

Reabertura de fronteiras

Porém, nos próximos dias, o chefe de Estado não estará no país. Esta terça-feira (26.05), depois da renovação do estado de emergência, a Presidência da República anunciou que Umaro Sissoco Embaló vai para França, em viagem privada, durante quatro dias.

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O novo regulamento do estado de emergência prevê a reabertura das fronteiras, sendo "permitida a entrada e saída do território nacional", desde que seja apresentado um certificado negativo da Covid-19. No entanto, mantêm-se as restrições à circulação nacional e o recolher obrigatório.

A Guiné-Bissau está desde 27 de março em estado de emergência. Mesmo com o anúncio da recuperação de 42 pessoas da Covid-19, o analista político Mariano Pina considera que o país está a caminhar para o que ele chama de "abismo sanitário e económico".

"É preciso consciencializar as pessoas. E a comunicação tem que funcionar. A própria força da ordem tem que ser pedagógica - tem que usar máscara, lavar as mãos, falar com as pessoas e mostrar-lhes que têm que cumprir, porque o que está em causa é a saúde pública", concluiu Mariano Pina.

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