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Bona a postos para a Conferência do Clima

Helena Weise | rf
3 de novembro de 2017

O campus das Nações Unidas de Bona, na Alemanha, prepara-se para acolher a COP23, a conferência climática global, já esta segunda-feira (06.11). O que esperam autoridades locais, ONG e residentes?

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Foto: picture-alliance/dpa/O. Berg

Tempo, dinheiro e espaço devem ser levados em consideração, quando o mundo se reúne uma vez por ano para falar sobre proteção climática. A COP23, a 23ª Conferência das Partes (COP) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, terá lugar em Bona, Alemanha, de 6 a 17 de novembro. 

Apesar de os coordenadores do evento se mostrarem optimistas, há uma questão que permanece: Bona realmente pode realizar uma conferência deste porte?

Os cidadãos já começaram a temer tumultos como os registados este ano durante o encontro do G20, em Hamburgo, e de que forma a conferência afetará as suas rotinas diárias. Afinal, além de alojamento e comida, 25 mil convidados também vão precisar diariamente de transportes. As 9 mil camas de hotel de Bona são, de longe, insuficientes - muitos terão de viajar para as cidades vizinhas de Colónia e Koblenz.

Tudo isso significa enormes esforços de planeamento num curto período de tempo - os organizadores tiveram apenas 11 meses para se prepararem.

Bona a postos para a Conferência do Clima

A mais verde da história

Porém, a conferência deste ano pretende ser diferente: além de ser a maior da história na Alemanha, será também a "conferência mais verde da ONU sobre o clima", disse à DW Nick Nuttall, que faz parte do quadro de convenções climáticas das Nações Unidas. 

Os 196 signatários terão duas semanas para definir medidas concretas para a implementação do chamado Acordo de Paris.

Como anfitriã técnica, a Alemanha tem um orçamento total de 117 milhões de euros - só para proteção móvel contra inundações do rio Reno, o custo é de 2 milhões de euros.

Em relação ao espaço, Bona ergueu uma tenda enorme equivalente ao tamanho de oito campos de futebol. A cobertura está em um parque junto ao rio Reno para receber os 25 mil participantes

Por um lado, está a sombra ameaçadora de Donald Trump e dos Estados Unidos de se retirarem do Acordo de Paris. Por outro lado, espera-se que os negociadores do clima trabalhem num "livro de regras" que vai ajudar na implementação do acordo, a ser adotado na cimeira de 2018, na Polónia.

Deutschland Vorbereitungen COP 23 UN-Weltklimakonferenz Bonn
Estrututa em Bona tem o tamanho de oito campos de futebolFoto: picture-alliance/dpa/O. Berg

Depois de décadas para tentar ter todos os países a bordo, é hora de medidas concretas, embore isso continue a ser um grande desafio. E o peso das mudanças climáticas é algo particularmente urgente para os Estados insulares. Para destacar a situação dessas nações, Fiji preside à COP23.

"Os que são mais vulneráveis devem ser ouvidos", exigiu o primeiro-ministro fiji, Frank Bainimarama. "Porém, temos de falar juntos para o mundo inteiro. Ninguém pode fugir das mudanças climáticas".

Autoridades locais envolvidas

O aquecimento global é um grande tema que precisa ser abordado em pequenos passos - a nível internacional, nacional e local.As autoridades locais terão um papel especial este ano. "Os governos de todo o mundo são apoiados por empresas e cidades progressistas", disse Nick Nuttall.

A 14 de novembro, Moritz Schmidt, do grupo de sustentabilidade regional de Renánia do Norte-Vestefália (NRW) LAG 21, área de que Bona faz parte, apresentará parcerias climáticas regionais com países como a Nicarágua e o Peru.

Na opinião de Schmidt, os participantes locais já foram cruciais para aumentar a ambição da proteção climática. Agora, esses participantes também terão acesso a recursos-chave, o que é um passo crucial, sublinha.

Conferência mais ampla

Frankreich Protest "Klima schützen. Kohle Stoppen" anläßlich der UN-Klimakonferenz in Paris
Manifestantes de diversas partes do jmundo são esperados durante a COP23. Na foto manifestação em Paris (2015)Foto: picture-alliance/dpa/G. Fischer

Garantir a sustentabilidade da conferência custou tempo e dinheiro. A COP23 quer dar um bom exemplo, seja no transporte público livre de emissões de gases entre as diferentes zonas do evento, os alimentos orgânicos da região e na ausência de impressões de papel.

Beate Frey-Stilz, gestora de projeto no Ministério alemão do Meio Ambiente, disse à DW que os organizadores comprometeram-se voluntariamente a certificar os seus esforços com o sistema europeu de gestão ambiental EMAS (da sigla em inglês, Eco-Management and Audit Scheme).

Eliminação do carvão 

Para Dirk Jansen, chefe da política de conservação ambiental e natural da Amigos da Terra (BUND, NRW Friends of the Earth), a eliminação do carvão é um princípio básico para a sustentabilidade.

O esforço para manter a conferência de baixa emissão não faz muito sentido quando comparado à quantidade de CO2 liberta diariamente próximo de Bona, na mina de carvão a céu aberto de Garzweiler, a maior emissora de CO2 da Europa, lembra Jansen.

Por essa razão, Jansen vai juntar-se a outros ativistas numa manifestação no dia 4 de novembro para exigir a proibição do carvão. "A proteção do clima sem uma eliminação de carvão não funciona", disse Jansen. "Nós já estamos a discutir há muito tempo - agora é hora de agir", acrescentou.

Os manifestantes e os organizadores concordam num ponto: a COP23 é urgente e a melhor oportunidade de lutar contra as mudanças climáticas.

Jansen também apoia o enorme investimento de tempo, dinheiro e recursos da Alemanha na conferência. "Não se trata apenas da justiça climática, mas da existência da humanidade - e essa é uma tarefa que certamente justifica esses esforços", destaca.

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