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Cabinda: Agrava-se a escassez de combustível

Simão Lelo
16 de julho de 2021

Há três meses que a falta de combustível cria numerosos constrangimentos na província angolana de Cabinda. Os automobilistas dizem que a "situação está fora de controlo". Multiplicam-se as acusações de corrupção.

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Angola Treibstoffmangel in Cabinda
Foto: Simão Lelo/DW

Apensar de ser a maior produtora do petróleo em Angola, a província de Cabinda, no norte do país, depara-se com falta de combustível há cerca de três meses. A crise tem criado vários transtornos aos populares, incluindo longas filas nos postos de abastecimento, preços especulativos e falta de transporte.

Os consumidores dizem que ainda aguardam por um pronunciamento da petrolífera estatal Sonangol. Alguns postos da Sonangol e Pumangol, vão sendo abastecidos de forma intermitente. Há várias denúncias anónimas, segundo as quais a quantidade de combustível disponibilizado nesses postos não é suficiente, porque grande parte do produto tem sido levado para as fronteiras para ser vendido aos estrangeiros.

Um taxista lamenta a dificuldade para encontrar gasolina em Cabinda. "Só de saber que estamos numa província de grande descontinuidade do Estado e agora afetado por este problema é triste", disse o taxista, que pediu para não ser identificado.

O motorista profissional pede às entidades competentes que se pronunciem rapidamente, porque a "situação está fora de controlo".

A falta do produto nos postos de abastecimento autorizados está a impedir os taxistas de oferecerem os seus serviços nas principais paragens. Oficialmente, um litro de gasóleo custa 120 kwanzas equivalente (0,16 euro) e a gasolina 160 kwanzas (0,21 euro). Mas o preço por litro no mercado informal atinge os 500 Kwanzas (cerca de 1 euro), segundo relatos dos consumidores.

Angola Treibstoffmangel in Cabinda
Há longas filas de espera para abastecer o carroFoto: Simão Lelo/DW

"É uma vergonha"

Os taxistas queixam-se que nas filas de espera são preteridos a favor de cidadãos com bidões, porque supostamente pagam o direito da mangueira, um valor adicional além do preço normal do combustível.

"Temos constatado que priorizam os terceiros que fazem contrabando de combustíveis", denunciou a automobilista Joseane Lembe.

O que foi secundado por Joel Bumba, outro jovem taxista, que afirmou que comprar combustível "está a ser um caos", porque só vendem às pessoas com bidões.

O sacerdote da diocese de Cabinda, Félix Liberal, não entende como é que um dos pontos mais fortes do petróleo em Angola passa por eatas dificuldades. Segundo Liberal, a situação demonstra que a província foi tomada de assalto por uma elite bem identificada.

"A maneira como se explora e se empobrece Cabinda é uma vergonha. E até o próprio diabo se entristece. Não é possível que os homens sejam capazes de maltratar deste modo um povo assim", disse o sacerdote.

A DW África tentou contactar a direção da Sonangol, mas sem sucesso.

 

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