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Cabinda: Falta combustível às promessas do MPLA

Simão Lelo
2 de maio de 2021

O MPLA promete intensificar programas e construir projetos habitacionais na província de Cabinda. Ativistas e a oposição consideram as promessas vãs. Falta de combustível está a deixar a população revoltada.

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Cabinda, Angola | Autofahrer warten auf Kraftstoff
Condutores formam fila para adquirir combustível em CabindaFoto: Simão Lelo/DW

O Governo do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) em Cabinda promete levar a cabo vários projetos habitacionais em todos os munícipios da província. Entre eles, constam três mil moradias e quinhentos apartamentos distribuídos em todos os quatro munícipios da província, nomeadamente Belize, Buco-Zau, Cacongo e a sede Cabinda.

A província de Cabinda deveria ser a primeira contemplada com a construção de uma centralidade desde o Governo do ex-Presidente José Eduardo dos Santos, mas a promessa não se efetivou. O MPLA, entretanto, afirma que a construção está na fase de contratação.

Marcos Nhunga, primeiro-secretário do MPLA em Cabinda, diz que há grande preocupação sobre quando os projetos serão iniciados.

"O que tem estado a nos preocupar é quando se dará o início. Mas nós sabíamos que as três mil casas serão construídas. Os quinhentos apartamentos serão construídos também. A centralidade vai ser um facto cá em Cabinda," afirma.

Afrika Angola Marcos Nhunga
Foto: Simão Lelo/DW

Ver para crer

Ativistas e a oposição estão céticos em relação às promessas, por entenderem que não têm pernas para andar.

O ativista Geraldo Costa diz que falta transparência em Cabinda. Isso porque as grandes infraestruturas concebidas há bastante tempo, como o Pólo Industrial de Fútila, o campus universitário e outros, ainda não conheceram a sua finalização.

"Não sei como o Presidente de Angola virá a Cabinda fazer a sua campanha eleitoral, porque todas as promessas não foram cumpridas. Estamos a falar do Pólo Industrial de Fútila, que não saiu, o campus universitário e o aeroporto, que não saíram. Nenhum projeto do MPLA saiu até agora," conclui.

Já o secretário provincial da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) em Cabinda, José de Lembre Gringo Júnior, diz que a grande preocupação neste momento não tem a ver com as promessas, mas com a reforma urgente na Comissão Nacional Eleitoral (CNE), para que se evite fraudes nas eleições.

"A CNE deve ser reformada. A partir do topo para baixo. Não se pode falar de legalidade quando há mais pessoas do MPLA na CNE," considera.

Ölproduktion in Angola
Plataformas de exploração de petróleo na costa de CabindaFoto: AP

O paradoxo do combustível

À descrença nas promessas soma-se a escassez de combustível que está a afetar a população da província angolana que tanto petróleo produz. Um paradoxo inexplicável, segundo Gringo Júnior.

"Cabinda é uma província que produz petróleo há muitos anos. É Cabinda que sustenta o Orçamento Geral do Estado. O povo de Cabinda não sabe quantas empresas petrolíferas funcionam aqui no seu solo pátrio. Não conhecem qual é o número de poços para que o povo também possa fazer cálculos dos dez por cento," avalia.

O cenário é desolador nas bombas de combustíveis. Muitas pessoas passam longas horas à espera, outras passam noites para conseguirem abastecer as viaturas. Os automobilistas questionam a razão da crise recorrente numa terra produtora de petróleo.

Maria Mode, uma das automobilistas que teve de aguentar mais de duas horas numa fila para abastecer o seu automóvel, lamenta a situação e diz que há negócios obscuros em certos postos de abastecimentos.

"É uma lástima. Nós, em Cabinda, temos tido sempre este problema de combustível. Pelo que não seria a província de Cabinda a viver esta situação. Temos constatado que alguns terceiros que fazem contrabando de combustível é que são priorizados," declara.

Já Carlos Alberto Bety diz que a escassez de combustível não se justifica. Este automobilista é da opinião que a falta de fiscalização tem sido um dos grandes empecilhos.

"A fiscalização peca muito pelo facto de os mesmos fiscalizadores estarem nos mesmos negócios," conclui.

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