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Cabo Delgado: "Combate a terroristas leva-os a criar pânico"

19 de setembro de 2023

Governador da província de Cabo Delgado diz que as últimas incursões terroristas foram protagonizadas por insurgentes em fuga do Exército moçambicano. Analista apela às autoridades para levar o caso muito a sério.

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Governador provincial de Cabo Delgado, Valige Tauabo
Foto: DW

Pelo menos, dez populares foram mortos, na semana passada, na região de Naquitenge, distrito de Mocímboa da Praia, depois uma relativa acalmia que propiciou o retorno massivo da população deslocada às regiões de origem.

O governador da província de Cabo Delgado, Valige Tauabo, disse esta terça-feira (19.09) que as incursões se devem ao combate aos terroristas que está a ser levado a cabo por Moçambique e pelos seus parceiros.

"A perseguição que está a acontecer a estes terroristas faz com que, nas aldeias por onde passam a fugir das nossas Forças de Defesa e Segurança, criem esse pânico, criem danos", afirmou Valige Tauabo em declarações aos jornalistas, acrescentando que os terroristas "tanto podem incendiar algumas residências das populações como podem criar estes problemas todos onde enfrentem resistência."

O governador provincial não entrou em detalhes sobre as consequências das novas incursões.

O governante asseverou, no entanto, que as Forças de Defesa e Segurança estão no terreno a perseguir os atacantes: "As forças [governamentais e aliados] estão a trabalhar nesse sentido", frisou.

Jornalista moçambicano Aunício da Silva
Aunício da Silva: "Isso não pode ser levado de ânimo leve"Foto: Sitoi Lutxeque/DW

Um sinal de resistência

O jornalista Aunício da Silva diz que as recentes incursões terroristas ocorridas em Mocímboa da Praia, um dos principais redutos do grupo, revelam como a situação de segurança ainda não foi resolvida na totalidade, mesmo diante dos avanços significativos alcançados pelas autoridades e seus parceiros militares. Por outro lado, acrescenta Aunício da Silva, "podemos entender as incursões como um retorno dos próprios terroristas, informando que ainda estão ali e que, apesar dos seus líderes terem sido mortos, 'não perderam essa guerra'." 

No mês passado, as autoridades anunciaram a morte daquele que era considerado o principal líder terrorista na região, Bonomade Machude, e dos seus seguidores diretos. Na altura, o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas de Moçambique, Joaquim Rivas Mangrasse, deixou claro que isso não significava o fim dos ataques.

É preciso travar a violência

O ataque da semana passada ocorreu numa região adstrita às tropas do Ruanda.

Para o jornalista Aunício da Silva, esse facto tem um significado: "É uma forma de os terroristas demonstrarem aos ruandeses que lhes podem fazer frente, o que torna a situação um pouco mais complexa", nota.

Líder terrorista Ibin Omar "fora de combate", anunciam FADM

"Isso não pode ser levado de ânimo leve. O governo deve levar isso a sério para que seja estancado este tipo de atos. Ainda que sejam ataques isolados, momentâneos ou de fuga, é preciso garantir que mais pessoas não sejam mortas pelos terroristas."

O ativista Milo Samuel também defende ações mais enérgicas do Estado nos novos focos de ataques. Para Milo Samuel, a população tem um papel importantíssimo a desempenhar.

"A comunidade local deve participar mais na denúncia. Como já temos experiência do que a nossa província tem passado, temos de redobrar os esforços. A comunidade é chamada a ser mais vigilante e denunciar todo o movimento estranho."

Foi também isso que pediu o governador de Cabo Delgado esta terça-feira. Ao mesmo tempo, Valige Tauabo assegurou que "o que aconteceu em Naquitenge não é algo para paralisar atividades ou sonhos na província de Cabo Delgado."