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Cabo Delgado está a revelar-se uma boa casa para refugiados somalianos

Eleutério Silvestre (Pemba)24 de setembro de 2013

A comunidade somaliana residente em Pemba está satisfeita com a hospitalidade que sente por parte do povo de Cabo Delgado. Alguns querem adquirir a nacionalidade moçambicana, e não pensam regressar ao seu país de origem.

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Os somalianos sentem-se em casa na cidade de Pemba, na província de Cabo DelgadoFoto: DW/G. Sousa

Há 22 anos que a Somália não conhece paz dentro das suas fronteiras. A instabilidade provocada pelo conflito armado que se vive no território nacional, fez com que muitos cidadãos somalianos se sentissem forçados a abandonar o país em direção a outros, à procura de melhores oportunidades e estabilidade. Mas a integração em alguns destes países nem sempre é um processo simples. No passado dia 18 de setembro, na África do Sul foram demolidas mais de 150 lojas de imigrantes somalianos, na cidade portuária, Port Elisabeth. Contudo, no país vizinho, Moçambique, os imigrantes vivem em paz e não são vítimas de ataques xenófobos, e daí a que muitos escolham este país como o seu refúgio.

Satisfeitos com a hospitalidade e solidariedade moçambicana, estes somalianos estabeleceram-se e aqui vivem os seus dias, dedicando-se essencialmente ao comércio, bem como à venda e compra de minérios.

Haruni Ismail
O somaliano Aly Kure já vive há 6 anos em Moçambique e diz que aqui, encontra tudo o que precisaFoto: DW/E. Silvestre

Aly Kure, é um destes somalianos que reside há seis anos em Cabo Delgado, e agora manifesta vontade de abrir um negócio. Acredita que com os benefícios que dali retirar, poderá garantir sustento à sua família. "Tudo o que preciso encontro em Moçambique, sinto-me aqui bem", diz Aly Kure. Para ele, o melhor de tudo é conseguir viver no país com a sua família, e pretende continuar a construir a sua vida "neste país que me acolheu há 6 anos".

Por seu lado, Haruni Ismail é engenheiro agrónomo de profissão, e há mais de 10 anos chegou a Cabo Delgado, onde vende electrodomésticos. Haruni Ismail afirma não estar preparado para deixar Moçambique e voltar para o país de origem, mesmo que se conquiste a paz na Somália. Aliás, ele deseja adquirir a nacionalidade moçambicana. "Estou a trabalhar sem problemas e sinto-me satisfeito. Ainda não pensei voltar para o meu país porque estou feliz com a vida que levo". Integrado e satisfeito, Haruni Ismail deseja contribuir para o progresso e para a prosperidade de Moçambique.

"Estou em casa"

Aly Kure
Haruni Ismail pretender adquirir a nacionalidade moçambicana e quer contribuir para o progresso do paísFoto: DW/E. Silvestre

Graças ao clima de paz e tranquilidade que se sente em Cabo Delgado, Habiba Hagi dicidiu adquirir a nacionalidade moçambicana em 2008, uma decisão que marcou o rumo da sua vida e dos seus familiares. "Os meus filhos nasceram, estudaram e formaram-se em Moçambique" conta. Para Habiba estavam reunidas as condições para adquirir a nacionalidade moçambicana pois é neste país que se sente bem. "Estou em casa!", afirma.

Os dois filhos de Habiba Hagi, já nascidos em Moçambique, atualmente frequentam o curso superior de gestão ambiental e marketing fruto do rendimento que a renda da loja da mãe gera. Muitos cidadãos somalianos optam por adoptar Moçambique como a sua nova nação e não ponderam regressaram mais ao seu país de origem desde o início dos conflitos armados. Contudo, desejam que a Somália conquiste, um dia, a paz e a estabilidade nacional.

Os somalianos sabem que a guerra tem contribuído para a destruição das infraestruturas e tem atrasado o progresso do país. Mas na perspectiva deste cidadãos, a estabilidade só será alcançada se as autoridades nacionais assumirem um papel de luta pela imposição da paz no país, criando assim as devidas condições ao desenvolvimento da Somália. Só assim, muitos dos somalianos emigrados em outros países africanos, incluindo os que vivem em Moçambique, poderão eventualmente pensar no regresso ao país e contribuir para o seu desenvolvimento sócio-económico, com esperança e luta.

Cabo Delgado está a revelar-se uma boa casa para refugiados somalianos