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Cabo Delgado: Filipe Nyusi apela insurgentes a entregarem-se

Lusa
4 de outubro de 2021

No dia da paz em Moçambique, o Presidente apelou aos moçambicanos que integraram grupos rebeldes em Cabo Delgado, para que deixem de fugir e se entreguem às Forças de Defesa e Segurança (FDS).

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Mosambik Pemba | Filipe Nyusi
Foto: DW

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, disse nesta segunda-feira (04.10.): "Queríamos convidar para, sozinhos, não esperarem a morte por perseguição, não é essa intenção das FDS: de uma forma ordeira, entreguem-se, para não serem atingidos inocentemente, porque não têm para onde ir".

Nyusi falava num discurso durante as cerimónias do Dia da Paz, que hoje se assinala em Moçambique, feriado alusivo à assinatura do Acordo Geral de Paz, em 1992, entre o Governo da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) e a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO).

"Estão a correr de um lado para outro"

Em Cabo Delgado, norte de Moçambique, uns foram recrutados, outros aderiram voluntariamente a grupos insurgentes, que agora parecem estar em debandada devido a um ofensiva militar conjunta.

"Saíram de uma aldeia destruída, já têm medo ou pena de voltar para lá e estão a correr de um lado para outro a ser perseguidos infinitamente", disse Nyusi, face a operações militares com o apoio das forças do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) que estão desde julho a recuperar terreno aos insurgentes.

Ruanda | Kigali | Ruandische Militärtruppen
As tropas ruandesas têm contribuido para o sucesso no combate ao terrorismo no norte de MoçambiqueFoto: Jean Bizimana/REUTERS

"Viu-se isso antes de ontem", sábado (02.10.), disse Nyusi, dando o exemplo de proteção à população durante um incidente com rebeldes.

Segundo descreveu, foi uma "tentativa que pregou susto à população de Namitile onde o inimigo fez tiros para o ar para tentar recuperar algumas senhoras do Niassa", província vizinha.

"Essas senhoras estão connosco, vamos protegê-las e não podem ser resgatadas pelo inimigo", disse.

Fuga de líderes insurgentes?

Filipe Nyusi disse que, em Cabo Delgado, "os combates estão a acontecer" e fazem com "o inimigo não encontre um espaço permanente", depois da "destruição da base Mbau, Siri 1, Siri 2 e outras bases" onde o "inimigo se escondia".

"Temos a certeza que há dirigentes ou líderes dessas forças que estão a fugir, até para fora do país", acrescentou.

A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterrorizada por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

O conflito já provocou mais de 3.100 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e mais de 817 mil deslocados, segundo as autoridades moçambicanas.

Mosambik RENAMO-Militärjunta in Gorongosa | Mariano Nhongo
Mariano Nhongo, líder da Junta Militar dissidente da RENAMOFoto: DW/A. Sebastião

Ex-guerrilheiros da RENAMO e entrega de armas

O Presidente moçambicano também apelou esta segunda-feira (04.10.) a Mariano Nhongo, líder da Junta Militar dissidente da RENAMO, no centro do país, para que se entregue, prometendo-lhe integração no processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR). 

"Outro apelo [faço] ao Nhongo: que não fique também à espera para que algo de estranho lhe aconteça. Isso seria a maior desgraça para nós", referiu Filipe Nyusi.

"É que, tanto num caso como noutro, as fugas, em vez da entrega das armas, encerram em si o risco de perseguição pelas Forças de Defesa e Segurança (FDS), acrescentou.

O chefe de Estado descreveu um episódio de perseguição a Nhongo, no dia 28 de setembro, em Inhaminga, em que o líder de ex-guerrilheiros foi "corrido de um lado para outro, até se esquecer do casaco". 

"Tem de ser entregar. Faz o DDR [processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração] e organiza a sua vida", referiu Nyusi, assinalando que pode escolher em que local do país pretende retomar a sua vida. 

O grupo de Mariano Nhongo discorda dos termos do processo de DDR decorrente do acordo de paz assinado em agosto de 2019 entre a RENAMO e o Governo. 
 

O receio da "iraquização" de Cabo Delgado