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Cabo Delgado: mais de 300 deslocados já chegaram à Zambézia

21 de agosto de 2020

Governo provincial da Zambézia reúne recursos para apoiar as pessoas que fogem do conflito em Cabo Delgado. Famílias estão instaladas em casas alugadas e em reassentamentos em diversas cidades na província.

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Mosambik Cabo Delgado Schiffbrüchige
Foto: DW

O coletivo governamental da Zambézia está a analisar o fluxo de deslocados que chegam à província moçambicana devido ao conflito armado em Cabo Delgado, no norte de Moçambique. Segundo autoridades provinciais foram registadas mais de 307 deslocados na província, oriundos de Cabo Delgado.

Nem todos os deslocados internos da crise registados na Zambézia são recentes. Há famílias que chegaram à província em dezembro de 2019. É o caso de Geraldo Samaque:

"Eu cheguei [à Zambézia] em dezembro, de Mocimboa da Praia, posto administrativo de Mbau. Saí por causa da guerra, foi por isso que saí de lá para cá. Fugi de Mbau para a zona de Medumbi e daí consegui transporte para cá”, relata.

Cabo Delgado: mais de 300 deslocados já chegaram à Zambézia

Chipembe Feliciano vem de Mocíbmoa da Praia. O deslocado percorreu mais de 1,1 mil quilómetros para chegar a Quelimane. O jovem de 23 anos diz que a preocupação agora é obter documentos de identificação.

"Venho de Mocímboa da Praia, fugi à guerra. Tenho 23 anos e não tenho documentos. Estou a pedir ao Governo para fazer um esforço para que nós [tenhamos] documentos porque os nossos foram queimados pelos malfeitores”, conta.

Terroristas infiltrados?

O analista político Ricardo Raboco receia que integrantes dos grupos armados que aterrorizam as comunidades de Cabo Delgado estejam infiltrados entre os deslocados. Defende que devem ser feitos trabalhos de rastreio:

"Este é o papel das forças de defesa e segurança e de todo o aparelho de segurança do Estado por forma a identificar se, de facto, tratam-se dos deslocados internos que procuram abrigo seguro que lhes garanta uma forma de viver e de estar.”

Vertriebene aus Cabo Delgado kommen in Sambezia an
Raboco teme que integrantes de grupos armados estejam infiltradosFoto: DW/M. Mueia

Raboco classifica a situação em Cabo Delgado como "catastrófica”. "Pode ser que esses grupos tidos como terroristas procurem se infiltrar noutras províncias”, interpreta.

70 famílias realojadas

As vítimas de conflito de Cabo delgado estão realojados em centros de acolhimento localizados nos distritos de norte e centro da província da Zambézia.  

O interesse dos deslocados neste momento é apenas ficar o mais distante possível do grupo armado que atua em Cabo Delgado, segundo as declarações de Cardoso Meque, diretor-provincial do Ensino Superior e Técnico-Profissional da Zambézia, na quarta-feira (19.08).

"Na Zambézia nós já recebemos deslocados vítimas destes ataques de terroristas em Cabo Delgado, principalmente oriundos dos distritos de Quissanga, Mocímboa da Praia Muedumbi, Macomia, Chiure e distrito de Montepuez. Até a data são 70 famílias”, revela.

Cardoso Meque diz que algumas famílias estão em casas alugadas, outras foram reassentadas em bairros na província. Segundo o diretor-provincial, o Governo da Zambézia tenta apoiar as famílias com recursos básicos.

"Nós, como Governo, neste momento, estamos a providenciar alguns apoios para estes deslocados. Até ao dia 19 [de agosto,] o Governo já apoiou em 124 mantas, 48 embalagens de roupa diversa, 280 barras de sabão, 58 baldes, 3 rolos plásticos, 19 quites de higiene e 58 sacos de arroz”, indica

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