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Cabo Delgado regista dezenas de crianças raptadas em um ano

Lusa
9 de junho de 2021

Save the Children informa que a maioria dos casos de rapto tem raparigas como vítimas. ONG internacional destaca que rapto de crianças está a se tornar uma "nova e alarmante" tática dos terroristas em Cabo Delgado. 

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Foto: DW/A. Chissale

Pelo menos 51 crianças foram raptadas por grupos rebeldes desde maio de 2020 em Cabo Delgado, norte de Moçambique, informou esta quarta-feira (09.06) a ONG internacional Save the Children. "A maioria raparigas, foram raptadas por grupos armados insurgentes na província nos últimos 12 meses", sendo que "os números refletem apenas os casos reportados, estimando-se que o balanço real de raptos de crianças seja muito superior", lê-se em comunicado.

A análise baseia-se em dados recolhidos pelo projeto de registo de conflitos ACLED e segundo a ONG mostra o rapto de crianças como uma nova e alarmante tática dos grupos armados envolvidos no conflito. "Antes de 2020, não havia registo de assassínios ou raptos de crianças", sublinha.

Chance Briggs, diretor da Save the Children em Moçambique, diz que "raptar uma criança constitui uma das seis violações graves em tempos de conflito, como definido pelas Nações Unidas" e "pode ser um primeiro passo para [a existência] de crimes de guerra - a par do recrutamento forçado de crianças ou a violência sexual contra menores".

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O comunicado relata detalhes de alguns raptos, como num ataque a 7 de janeiro em que 21 pessoas, incluindo seis crianças, foram raptadas, num incidente em que pelo menos sete pescadores foram decapitados. Noutro ataque a 09 de junho de 2020, 10 raparigas foram raptadas enquanto tiravam água de um poço.

Grupos armados aterrorizam a província desde 2017, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo 'jihadista' Estado Islâmico, numa onda de violência que já provocou mais de 2.800 mortes segundo o projeto de registo de conflitos ACLED e 714.000 deslocados de acordo com o Governo moçambicano.

 Um ataque a Palma, junto ao projeto de gás em construção, a 24 de março provocou dezenas de mortos e feridos, sem balanço oficial anunciado.

As autoridades moçambicanas recuperaram o controlo da vila, mas os tiroteios têm continuado e o ataque levou a petrolífera Total a abandonar o recinto do empreendimento que tinha início de produção previsto para 2024 e no qual estão ancoradas muitas das expectativas de crescimento económico de Moçambique na próxima década.

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