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Cada vez mais migrantes tunisinos na rota do Magrebe

Jens Borchers | Lusa | tm
10 de novembro de 2017

Na Tunísia, cresce o número de jovens que acredita na emigração como a única solução para a falta de trabalho. Enquanto alguns comemoram a chegada à costa da Itália, após muitos riscos no mar, outros perdem a vida.

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"Selfies" de refugiados sírios à chegada à costa gregaFoto: Reuters/Y. Behrakis

O número de migrantes tunisinos na rota do Magrebe parece estar a aumentar. Enquanto diminui o número de africanos que partem da Líbia em direção à Europa, a tendência é que cada vez mais pessoas saiam da Tunísia rumo à costa da Itália, reportam autoridades locais.

No fim de maio de 2017, dados do Governo italiano indicavam que mais 60 mil imigrantes haviam chegado ao país - um crescimento de 29% em relação ao mesmo período do ano anterior. Apesar da ajuda da União Europeia (UE) e da Alemanha para conter a emigração, os números preocupam - especialmente entre os jovens tunisinos.

O destino provisório deles é a Itália. Apenas em setembro, as autoridades italianas registaram 1.400 tunisinos em situação de ilegal, além das pessoas que entraram no país sem serem identificadas.

Cada vez mais migrantes tunisinos na rota do Magrebe

Onda migratória súbita

Na Tunísia e na Europa muitos questionam o porquê dessa onda migratória súbita a partir do país do norte de África. Segundo Valentin Bonnefoy, membro de uma organização não-governamental tunisina que lida há muito com o problema da migração clandestina, o facto não é surpreendente.

"É grande a falta de esperança entre os jovens por causa do alto nível de desemprego. Cerca de 40% deles está sem trabalho. O resultado pode ser visto nos vídeos onde aparecem aqueles jovens que chegam a Itália", diz Bonnefoy.

Mas os efeitos desses vídeos - nos quais jovens migrantes fazem imagens de si em poses "vencedoras" ao chegarem à costa italiana - não devem ser subestimados, consideram Valentin Bonnefoy e conselheiros do Governo tunisino.

De facto, as autoridades de segurança tunisinas estão a parar muitos barcos e a prender contrabandistas e migrantes. No início de outubro, um barco patrulheiro colidiu contra outro onde seguiam migrantes e pelo menos 52 pessoas se afogaram-se. 

Na ocasião, o porta-voz do Governo tunisino declarou que "é preciso tomar medidas extraordinárias nos casos de cidadãos que morram nestas circunstâncias". Entretanto, descartou que tenha havido uma colisão intencional por parte da Marinha, "ninguém que tenha uma mente sã poderá afirmar que o nosso exército tenha provocado esses afogamentos", declarou.

Flash-Galerie 60 Jahre Genfer Flüchtlingskonvention
Migrantes do norte de África chegam à costa italianaFoto: picture-alliance/dpa

Migração ilegal

Numa pequena localidade do sul da Tunísia, as pessoas saíram refcentemente às ruas para protestar. Oito jovens foram mortos nos confrontos. Os manifestantes pediram esclarecimentos e criticaram o Governo. "Os nossos filhos não encontram trabalho. Eles estão perdidos e não têm nada para fazer aqui", disse um manifestante.

De acordo com pesquisas da organização não-governamental de Valentin Bonnefoy, dos 1.200 jovens tunisinos entrevistados, mais de metade diz querer emigrar. Quase um terço deles pensa fazê-lo ilegalmente.

Só que os riscos da viagem para a Itália são conhecidos, diz Bonnefoy. "Esses jovens sabem que muitos serão rejeitados e enviados de volta. Mesmo sendo tão difícil, acham que é a única opção", concluiu.