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Camarões: Campanha eleitoral arranca em clima de conflito

Moki Kindzeka | rl
22 de setembro de 2018

Arranca, oficialmente, este sábado (22.09), campanha para as presidenciais de 7 de outubro nos Camarões. Mas conflitos nas regiões anglófonas levaram eleitores à descrença e milhares a fugir com medo de confrontos.

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Kamerun Buea - Unruhen
Patrulha policial em Buea, na região sudoeste dos Camarões, em abril passadoFoto: Getty Images/AFP/A. Huguet

Paul Biya, presidente do país desde 1982 procura a reeleição neste ato eleitoral que não se prevê pacífico, já que os separatistas anglófonos estão decididos a impedir a ida às urnas naquele a que chamam estado independente da Ambazónia.

São muitas as pessoas que se encontram no Parque "Mile 17" na cidade de Buea, no sudoeste do país. Esperam a chegada de um autocarro que as leve para fora da região. O governador Bernard Okalia Bilai tenta demovê-las desta ideia e pede que voltem para suas casas.

China Beijing - Kameruns Präsident Paul Biya
O Presidente Paul BiyaFoto: picture-alliance/AP Photo/L. Zhang

"Há notícias falsas de que o exército vai atacar, mas não [é verdade], o exército não está a lançar ataques. Está lá para proteger a população e as suas propriedades. Está lá para neutralizar esses ataques,” argumenta.

O governador tem visitado o parque quase todos os dias para tentar impedir o êxodo em massa de moradores das regiões anglófonas mais afetadas.

John Nlom é professor e está de partida com a sua esposa e os cinco filhos. Diz não confiar nas garantias dadas pelo governador no que toca à questão da segurança.

"O próprio governador, que diz que as pessoas deviam voltar para trás, porque estão seguras aqui, tem soldados a garantir a sua proteção. Os soldados conseguirão proteger todas as pessoas? Esta é a razão pela qual não posso ficar. Tenho que ir," afirma.

Sem motivação para votar

Nas últimas três semanas, diz o Governo, milhares de pessoas fizeram as malas e partiram. Eles não se importam muito em votar numa eleição, que entendem, que não será livre e justa, diz Prince Ekosso, presidente do Partido Socialista Democrata Unido.

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Prédio da Comissão Eleitoral dos Camarões em YaoundéFoto: DW

"É impossível que eleições credíveis ocorram no noroeste e sudoeste. De fato, as cidades e vilas do noroeste e do sudoeste estão desertas. E já é tarde para que alguma coisa seja feita para que hajam eleições livres e justas nestas duas regiões," avalia.

Os candidatos às presidenciais têm viajado pelo país encorajando os eleitores a votar. Mas Frank Afanui, do Movimento Nacional de Cidadania dos Camarões, foi, até agora, o único a deslocar-se à região sudoeste.

Na capital do país, Yaoundé, Maurice Kamto, candidato do Movimento para o Renascimento dos Camarões, afirma que os separatistas devem permitir que as pessoas votem pois, só assim, acrescenta, será possível a mudança do sistema pela qual tanto lutam.

Conflitos nas regiões anglófonas

Os conflitos nos Camarões tiveram inicio em outubro de 2017, quando os separatistas anglófonos exigiram a independência  das regiões de língua inglesa por se sentirem marginalizados pelos falantes de francês, a maioria no país.

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Joshua Osih, candidato do maior partido da oposição, a Frente Democrata Social, afirma ter uma solução para o conflito.

"O problema não é a separação. É a marginalização e injustiças que levam a essa separação. Para mim, a separação não resolverá, necessariamente, o problema. Há que resolver primeiro a questão da marginalização. Assim que for eleito, uma das minhas primeiras decisões será reconhecer que este é um problema político," garante.

A Comissão Eleitoral dos Camarões (ELECAM) tem-se reunido, frequentemente, com os partidos políticos para perceber o que pode ser feito para que as eleições ocorram pacificamente nas sub-regiões. Ainda que os eleitores estejam a fugir destas regiões, a Comissão Eleitoral organizará as eleições para os que ficarem, garante a sua presidente Enow Egbe.

"Em termos de medidas de segurança, sentimos que era necessário reagrupar as assembleias de voto em centros de votação e muitas considerações foram tomadas," garante.

Não é esperado que o Presidente Paul Biya realize qualquer ação de campanha nas regiões de língua inglesa.

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