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Campanha de cajú 2024 arranca oficialmente na Guiné-Bissau

Djariatú Baldé
15 de março de 2024

A União dos Camponeses manifestou-se contra o preço de 300 francos cfa (0,46 euros) fixado pelo Governo guineense para a venda da castanha de cajú, alegando que não ajudará na resolução das suas necessidades básicas.

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A abertura oficial da campanha de comercialização da castanha de cajú teve lugar esta sexta-feira
Foto: DW/B. Darame

A abertura oficial da campanha de comercialização da castanha de cajú na Guiné-Bissau teve lugar esta sexta-feira (15.04), numa cerimónia presidida pelo primeiro-ministro, Rui Duarte de Barros.

O fracasso da campanha de comercialização da castanha de cajú dos dois últimos anos tem contribuído bastante para crescimento da fome no interior da Guiné-Bissau, uma vez que 80% da população depende da comercialização deste produto.

No entanto, o sucesso da campanha de 2024, é a grande expectativa da população guineense, sobretudo dos produtores.

Em declarações à DW, o diretor-geral do Comércio Externo da Guiné-Bissau, Lassana Fati, mostra-se otimista sobre a viabilidade da presente campanha.

"Já temos quase tudo em mãos para o início da campanha. Achamos por bem que já estão criadas as condições objetivas para que possamos ter uma boa campanha de comercialização e exportação da castanha de cajú", disse.

Camponeses descontentes 

A União dos Camponeses da Guiné-Bissau manifestou-se contra o preço fixado pelo Governo para a venda deste produto - cerca de 46 cêntimos de euro.

Segundo o presidente da organização, Upa Gomes, atualmente existe uma dificuldade de poder de compra por parte dos camponeses, de modo que este valor não será suficiente para resolver o problema da fome nas comunidades.

"Se alguém vender um quilograma de castanha no preço de 300 franco cfa não será suficiente nem para comprar um quilograma de arroz".

Os camponeses pedem para que o preço inicial seja 500 franco cfa (cerca de 77 cêntimos de euro), com a esperança de vir a aumentar no decorrer da campanha.

Em resposta, Lassana Fati diz que isto dependerá da dinâmica do mercado. "Se há muita procura, é claro que haverá subida do preço. Agora se não há muita procura, a compra pode ser o mesmo preço ou inferior ao preço fixado pelo Governo", explica.

Guiné-Bissau: Combater a pobreza com caju

Governo empenhado na dinamização da campanha

Para evitar esta situação e permitir a dinamização da presente campanha, Lassana Fati diz que o Governo decidiu tomar certas medidas - entre elas a redução das taxas de impostos.

"O Governo decidiu remover todas as barreiras não tarifárias para permitir maior circulação da castanha de cajú do interior para a cidade", observou.

O economista guineense Mamadu Serifo Baldé alerta para um outro lado da situação: "O preço de 300 franco cfa é basicamente bom, mas o problema é a sua aplicabilidade no terreno. Neste momento, o preço da castanha de cajú no mercado internacional está abaixo do desejado, o que poderá criar dificuldades enormes para os exportadores em relação ao preço fixado pelo Governo".

Como possível solução, o economista sugere que o Governo facilita as condições de escoamento da castanha de cajú para os exportadores.

Num encontro que teve na semana passada com o poder tradicional, o Presidente Umaro Sissoco Embaló garantiu que já avisou ao Governo que a campanha deste ano não pode correr mal.