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Campanha eleitoral já arrancou na RDC

Simone Schlindwein | rl
18 de setembro de 2018

Campanha para eleições de dezembro na República Democrática do Congo começou na província de Kivu do Norte, uma das mais fustigadas pela violência. Candidato Chrispin Mvano percorre montanhas para apresentar manifesto.

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Candidato Chrispin Mvano percorre montanhas no leste da RDC para fazer campanha eleitoralFoto: DW/S. Schlindwein

Chrispin Mvano, de 40 anos, deu início à sua campanha eleitoral. O jornalista congolês é candidato ao distrito de Masisi, localizado no nordeste da província de Kivu do Norte, afetada há vários anos por conflitos. As dificuldades são, por isso, acrescidas.

De sandálias, Mvano percorre as montanhas do leste da República Democrática do Congo (RDC). Um caminho difícil, com subidas íngremes e floresta densa. Em agosto, o jornalista decidiu apresentar a sua candidatura às eleições parlamentares no distrito natal, Masisi. O seu objetivo é trazer finalmente a paz aos seus conterrâneos.

Chrispin dirige-se para Shonga, uma aldeia vizinha com apenas 800 habitantes, que escolheu para o arranque da sua campanha eleitoral. "Em 2015, um empresário influente chegou e reivindicou todas as terras agrícolas. Como forma de protesto, a população marchou daqui a pé para Goma. Estiveram quatro dias em frente aos aposentos do governador, mesmo quando choveu, o que acabou por causar mau ambiente. A polícia foi enviada para Shonga e, depois de ter prendido todos os líderes, incendiou-a", conta.

Disputa de terras: um problema antigo

A disputa de terras é um problema típico de Masisi. É uma das causas para os conflitos étnicos que aqui existem e que se registam há mais de um quarto de século. Em Masisi existem cerca de duas dúzias de grupos rebeldes congoleses e milícias. Por isso, a sua população quer e precisa que alguém olhe para os seus problemas. É exatamente por isso que Chrispin aqui está.

Campanha eleitoral já arrancou na RDC

À chegada, o jornalista é saudado pelo chefe da aldeia, François Maheshi, que lhe dá a conhecer a realidade de Shonga. "Temos dois problemas aqui: a escola e a rua. A escola foi destruída. Os nossos filhos agora têm de caminhar cinco, sete e até 13 quilómetros para as aldeias vizinhas", relata. "Não há estrada e como a nossa aldeia e a nossa economia foram completamente destruídas, não temos dinheiro para construir uma."

Chrispin Mvano prometeu ajudar e o seu discurso foi aplaudido. Foi a primeira vez que um candidato se deslocou a Shonga. Ainda assim, a população continua reticente.  Mas o candidato está ciente disso. "A decepção da população deve-se à fraqueza dos políticos. A maioria usou o poder para enriquecer e quando foram eleitos para o Parlamento, não quiserem saber mais dos problemas da população", lamenta.

Por isso, acrescenta este candidato, é importante que haja eleições regulares, mesmo que controversas. Pelo menos 10 milhões de congoleses não poderão votar. A oposição criticou já a utilização de urnas eletrónicas por considerar que estas tornam as eleições ainda mais fáceis de manipular.

Ainda assim, Chrispin Mvano mantém-se otimista. Para o candidato, qualquer ato eleitoral contribui para o desenvolvimento democrático do país e para que, um dia, a RDC tenha também eleições bem organizadas.

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