Capoeira: inclusão social em São Tomé e Príncipe

Um projeto de cooperação entre o Brasil e a África está promovendo a inclusão social em São Tomé e Príncipe através da capoeira. Em um ano, já foram beneficiados 200 jovens e também crianças santomenses. As aulas começaram em abril de 2011 e vão até 2014.

Antes de o projeto "Capoeira: formação técnico-profissional e cidadania", da Agência Brasileira de Cooperação e do Grupo Raízes do Brasil, iniciar em São Tomé, os praticantes tinham incentivos da Embaixada do Brasil para dar aulas de capoeira. Mas a arte continuava pouco disseminada na cidade. Agora, segundo os praticantes, isso mudou bastante. A busca pelo aprendizado tem crescido.

As aulas são ministradas por professores e mestres do Centro Cultural de Capoeira Raízes do Brasil, fundado há 30 anos. O projeto da Agência Brasileira de Cooperação, em parceria com o governo de São Tomé e Príncipe, surgiu pela necessidade de levar a técnica aos praticantes, que começaram a jogar capoeira com os conhecimentos adquiridos através de livros e com a ajuda da internet.

O projeto proporciona atividades de lazer num país onde se tem pouco acesso à arte e à prática de esportes. Além disso, está a dar aos jovens a oportunidade de escolher uma profissão. Alguns já dão aulas em escolas e comunidades de São Tomé e, com isso, transformam a paixão pela capoeira em renda para a família.

A Agência Brasileira de Cooperação, através do Ministério das Relações Exteriores, quer ampliar o projeto e levar para outros países de língua portuguesa. A Guiné-Bissau já recebeu uma missão que avaliou os espaços, a demanda e conversou com autoridades. Este pode ser o segundo país lusófono a receber o projeto "Capoeira: formação técnico-profissional e cidadania".

Historiadores, pesquisadores e mestres de capoeira ainda discutem sobre onde surgiu o esporte. Alguns defendem que foi na África, antes da saída dos escravos, já outros no Recôncavo Baiano, no nordeste do Brasil, depois da chegada dos escravos africanos.

No século XIX a capoeira se transformou num fenómeno social e tomou conta dos centros urbanos do Rio de Janeiro, Salvador e Recife, nas regiões sudeste e nordeste do Brasil. Hoje, é praticada em todos os estados brasileiros. No carnaval a manifestação artística e cultural é bem presente, a exemplo do carnaval de 2012, no Sambódromo carioca (Rio de Janeiro).

O berimbau é o principal instrumento de uma roda de capoeira. Segundo mestres, não há roda sem berimbau. Porque ele dá o toque, ele comanda o jogo. Antigamente, no tempo dos escravos, ele também servia para anunciar a chegada de um feitor. Nessa hora, a luta se transformava em dança com o simples toque do berimbau.