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Cazaquistão: 164 mortos e 5800 detidos numa semana

Lusa
9 de janeiro de 2022

Pelo menos 164 pessoas morreram em protestos no Cazaquistão e 5.800 foram detidas na última semana, noticiaram este domingo, (09.01), vários órgãos de comunicação, citando o ministério da Saúde daquele país.

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Kazachstan | Proteste in Almaty - Festnahme
Foto: Vasily Krestyaninov/AP/picture alliance

O gabinete do presidente do Cazaquistão, Kassym-Jomart Tokayev, anunciou hoje que cerca de 5.800 pessoas foram detidas pela polícia durante os protestos que se transformaram em violência na semana passada e levaram a uma aliança militar liderada pela Rússia, responsável por enviar tropas ao país.

O balanço do número de mortos aponta para mais vítimas do que os últimos dados oficiais das autoridades - 26 manifestantes e 16 elementos das forças de segurança mortos e mais de 2.000 feridos –, sem precisar se as mortes são de civis ou de militares.

A mesma fonte da presidência adiantou que a ordem foi restabelecida e as autoridades recuperaram o controlo dos edifícios administrativos que foram ocupados pelos manifestantes, alguns dos quais foram incendiados.

Kazachstan | Proteste in Almaty - Sicherheitskräfte
Protestos transformaram-se em violência e levaram a uma aliança militar liderada pela RússiaFoto: Vladimir Tretyakov/AP/picture alliance

Atirar para matar

A televisão russa Mir-24 noticiou hoje que foram ouvidos tiros esporádicos em Almaty, a maior cidade do país, sem explicar se foram tiros da polícia ou dos manifestantes, já que a política e os militares foram autorizados a atirar para matar, com o objetivo de repor a ordem.

O aeroporto de Almaty, que tinha sido ocupado pelos manifestantes na última semana, permanece encerrado, mas deverá reabrir na segunda-feira.

Tokayev explicou que as manifestações foram iniciadas por "terroristas” com apoio estrangeiro, embora os protestos não tenham mostrado líderes ou organizações óbvias.

O ex-chefe da agência antiterrorismo do Cazaquistão Karim Masimov foi preso por suspeitas de tentar derrubar o governo, ainda que se desconheçam mais detalhes, poucos dias depois de ter sido demitido do cargo de chefe do Comité de Segurança Nacional por Tokayev.

Resolução pacífica da crise

O chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrel, manifestou a sua preocupação com a violência desencadeada e pediu às autoridades cazaques que respeitem os direitos e liberdades dos cidadãos.

“Preocupa-nos a violência que eclodiu após os protestos pacíficos no Cazaquistão”, afirmou Jose Borrel em comunicado, destacando o papel desse país “parceiro da União Europeia” e a sua importância para a estabilidade na região.

Frankreich Straßburg | Europäisches Parlament | Josep Borrell
Chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrel, pediu às autoridades cazaques que respeitem as liberdades dos cidadãosFoto: Alexey Vitvitsky/Sputnik/picture alliance

“Lamentamos profundamente a perda de vida humanas e condenamos veementemente atos de violência generalizados. É importante prevenir novas escaladas, evitar qualquer incitamento à violência, agir com moderação em todos os momentos e evitar explorar os distúrbios para outros fins”, adianta ainda o comunicado, divulgado este sábado pelo Serviço Europeu de Ação Externa.

O Alto Representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança acrescentou que a União Europeia está pronta a “fornecer assistência para uma resolução pacífica da crise”, referindo que o apoio militar exterior “deve respeitar a soberania e a independência do Cazaquistão, assim como os direitos fundamentais de todos os cidadãos”.

Rico em hidrocarbonetos, o Cazaquistão foi abalado por uma onda de protestos sem precedentes desde a sua independência, em 1989, que resultaram na morte de dezenas de pessoas.

Os protestos começaram no domingo nas províncias após uma subida do preço do gás, antes de se espalharem pelas grandes cidades, especialmente Almaty, a capital económica do Cazaquistão, onde as manifestações se transformaram em tumultos contra o regime.

Um contingente de tropas da Rússia e outros aliados de Moscovo chegou ao Cazaquistão na quinta-feira para apoiar o Governo, protegendo edifícios estratégicos e colaborando na operação antiterrorista e de manutenção da paz.

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