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RENAMO volta a atacar na região centro de Moçambique

Arcénio Sebastião (Beira)11 de fevereiro de 2016

Quatro viaturas foram atacadas na manhã desta quinta-feira (11.02.) quando circulavam entre Rio Save-Muxúnguè, na província de Sofala, centro de Moçambique. Supõe-se que os homens armados da RENAMO sejam os autores.

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Guerrilheiros da RENAMOFoto: Jinty Jackson/AFP/Getty Images

O braço armado do maior partido da oposição moçambicana, RENAMO, protagonizou três ataques separados a viaturas na estrada nacional número 1, a principal estrada do país, na província central de Sofala. Segundo a polícia o balanço é de três feridos ligeiros e danos materiais não avultados.

Os ataques teriam começado por volta das quatro horas de madrugada desta quinta-feira (11.02.) no povoado de Zove contra o posto administrativo de Muxúnguè na província de Sofala.

Segundo a porta-voz da polícia em Sofala, Sididi Paulo, o ataque teria terminado às sete horas da manhã. “Foram os homens armados da RENAMO que atacaram as cinco viaturas no troço entre o rio Save e Muxúnguè. Dos ataques resultaram três cidadãos feridos por estilhaços de vidros e danos materiais nas viaturas”.

Mosambik Anschlag auf Auto in Beira
Uma das viaturas atacadas esta quinta-feira (11.02.)Foto: DW/A. Sebastião

Segundo relatos de testemunhas oculares no local, das viaturas atacadas consta uma camioneta que transportava medicamentos do ministério da Saúde de Moçambique . Uma grande parte da carga foi saqueada, embora fontes policiais não tenham confirmado esta informação.

“Estou a falar de viaturas ligeiras e pesadas. Por enquanto a polícia não pode avançar muitos detalhes porque ainda estamos a monitorar a situação. O que podemos dizer é que tudo está calmo neste momento”, salientou Sididi Paulo. Ainda segundo a porta-voz, a Polícia “está no local e prossegue as investigações" e salientou “que "este tipo de atitude é inaceitável e deve ser combatida".

Um ataque esperado

A DW África na Beira, tentou ouvir a reação do partido RENAMO, mas em vão, pelo facto de o delegado substituto estar fora da cidade.

Mas, para o analista Rodrigues Luís esta atitude da RENAMO já era esperada desde o sucedido a 9 de Outubro de 2015 quando a polícia cercou a residência do seu líder na Beira, Afonso Dhakama, alegadamente numa operação de recolha de armas.

Luís recorda as circunstâncias em que o líder da RENAMO abandonou a segunda maior cidade do país: “Era previsível que os ataques fossem retomados desde que o líder da RENAMO passou a viver em parte incerta do país. Dhlakama esteve aqui na Beira no dia 8 de outubro e no dia seguinte ele foi literalmente obrigado a regressar às matas”.

Por outro lado, o nosso entrevistado entende que este seria o início do cumprimento da promessa feita pela RENAMO na segunda-feira (08.02.) na Beira, onde este partido avançou que iria colocar postos de controlo de viaturas suspeitas em algumas estradas do centro do pais. Rodrigues Luís diz que “as suspeitas existem em ambos os lados. Quadros e simpatizanbtes do partido no poder tem sido raptados e mortos e por outro lado o mesmo acontece com quadros seniores e simpatizantes da RENAMO”.

RENAMO implementa controlos em algumas estradas

Recorde-se, que segundo a RENAMO, os controlos seriam implantados no cruzamento de Inchope para o rio Save (no sentido sul) e até Caia (no sentido norte), junto à N1, a principal estrada que liga o sul, centro e norte de Moçambique. Estão igualmente previstos controlos de Inchope até ao rio Zambeze pelas estradas N1 e N6, cobrindo as províncias de Manica e Tete.

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Afonso Dhlakama, líder da RENAMOFoto: picture-alliance/dpa/Antonio Silva

De lembrar que foi desta forma que iniciaram os confrontos entre os homens armados da RENAMO e as Forças de Defesa e Segurança (FDS) em 2013 naquela região do país, algo que obrigou o Governo a criar escoltas para as viaturas que transitam na localidade.

Tolerância dos moçambicanos está a transbordar

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, disse na quarta-feira (10.02.) que a tolerância da população com a posse indevida de armas está a transbordar e que o país tem de deixar de ser visto como um "lugar estranho com pessoas estranhas".

"Neste país, com o nível de tolerância que existe, não há motivo para as pessoas andarem armadas. Não há! Só o facto de termos dito 'devolvam as armas sozinhos', isso é tolerância que até excede os limites", disse o chefe de Estado em Maputo junto de membros do seu partido, acrescentando que "é essa a tolerância que o povo já está a transbordar a paciência".

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Presidente de Moçambique; Filipe NyusiFoto: picture-alliance/Anadolu Agency/M. Yalcin

Sem se referir diretamente à oposição da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), no encontro com membros da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), partido no poder, para celebrar os 57 anos do Presidente da República, assinalados na terça-feira (09.02.), Nyusi avisou que o seu Governo não vai continuar a tolerar "coisas que fazem mal ao povo".

Nyusi reitera apelo para entrega de armas

Falando implicitamente da violência política no país, o chefe de Estado estabeleceu uma comparação com um leão à solta que foge de um parque e começa a comer pessoas.

"É verdade que o leão tem de ser protegido lá no parque, mas quando começa a comer pessoas esse já não é leão para ser protegido", declarou o Presidente moçambicano, assegurando que não permitirá que "leões andem à solta".

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Armas da RENAMO recolhidas pela ONG moçambicana FOMICRESFoto: Fomicres

Filipe Nyusi afirmou que "não há país na região que deixe uma pessoa com arma a andar na estrada" e que Moçambique tem de deixar de ser "um lugar estranho de pessoas estranhas", reiterando o apelo para a entrega de armamento e retoma da confiança e do diálogo.

O Presidente da República insistiu porém que, havendo armas, não existirá confiança. "O problema da confiança parte na altura em que você esta armado. Ninguém tem certeza do que vai fazer com essa arma. Essa arma que você tem vai fazer o quê?", questionou o chefe de Estado, observando que Maputo é o exemplo de como as pessoas podem estabelecer rotinas sem medo que justifique cidadãos em posse de armamento.

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