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Centro que acolhe crianças de rua em Luanda pode fechar

Manuel Luamba (Luanda)19 de outubro de 2015

O Centro Arnaldo Janssen debate-se com problemas de vária ordem e corre o risco de encerrar portas nos próximos tempos. A instituição recolhe e acolhe meninos de rua na capital angolana há mais de 22 anos.

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Foto: DW/M. Luamba

Raby José, um adolescente de 13 anos que frequenta a 6ª classe, é uma das centenas de crianças que vivem no Centro de Acolhimento de Crianças Arnaldo Janssen (CACAJ). Antes de ter sido levado para a instituição, Raby, filho de pais separados, fez das ruas de Luanda a sua casa. Uma casa sem pais nem irmãos.

Devido às péssimas condições, contraiu doenças que o levaram ao hospital. "Estive na rua e fiquei doente. Depois apareceu alguém e levou-me ao hospital, porque eu estava mesmo muito doente, e depois abandonou-me lá", conta à DW África.

Angola Raby José aus dem Zentrum für obdachlose Kinder in Luanda
Raby José gosta de viver no Centro Arnaldo JanssenFoto: DW/M. Luamba

Um abandono que o levou ao Centro Arnaldo Janssen onde, de vez em quando, recebe a visita da sua mãe. Raby diz que é "muito bom" viver na instituição que o tirou na rua. "Quando acordo faço o meu trabalho, tomo o pequeno-almoço, repousamos e depois vou para a explicação".

Salários em atraso

O centro fundado em 1933 pelo padre Horácio precisa urgentemente de um reforço, pois corre o risco de fechar. Na instituição falta quase tudo, até dinheiro para pagar aos trabalhadores. "Este mês ainda não conseguimos pagar o salário dos funcionários e isto não provoca um bom ambiente dentro do centro", relata João Facativo, o responsável pelo estabelecimento.

João Facativo lamenta que a instituição ainda não tenha uma fonte de financiamento fixa que permita "gerir com mais segurança e qualidade" o centro de acolhimento. "Sobrevivemos até agora graças ao apoio das associações, paróquias e empresas. Estas pessoas quando vêm cá trazem algo para alimentar as crianças".

O responsável diz que luta há mais de cinco anos para elevar o centro à categoria de instituição de utilidade pública. Segundo João Facativo, o assunto já tem o voto favorável do Governo da Província de Luanda.

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"Já escrevi várias cartas para tornar o centro numa associação. Isso também me levou muito tempo porque as pessoas não sabem dar informações corretas, depois vem a lentidão administrativa", explica.

Apesar de "estar cansado" de apelar ao apoio da sociedade e do Governo, Facativo volta a lançar um apelo para conseguir ajuda financeira. "Há alguns passos que já foram dados, a vice-governadora já esteve cá prometeu professores para ajudar crianças, mas são situações de meio e longo prazo".