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Chefe da diplomacia alemã visita Etiópia e Tanzânia

Ludger Schadomsky | rl
3 de maio de 2018

Seis semanas depois de assumir o cargo, ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha iniciou quarta-feira a sua primeira visita a África. Heiko Maas visita Addis Abeba, na Etiópia, e depois Dar Es Salaam, na Tanzânia.

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Foto: picture-alliance/AA/C. Karadag

A Etiópia e a Tanzânia têm fortes relações históricas e políticas com a Alemanha e são, para além disso, sede da União Africana (UA) e da Comunidade da África Oriental, organizações com as quais o ministro alemão se deverá reunir.

A deslocação de Heiko Maas a África acontece numa altura em que em Berlim pouco se aborda a política africana. Se é verdade que no ano passado África constava da agenda política alemã, tendo o país recebido a cimeira do G20, facto é que, passados poucos meses, o interesse do Governo de Angela Merkel nas questões do continente parece ter diminuído.

"Em 2017, África estava muito presente na política alemã, talvez até demais. Retomámos este assunto este ano, embora deva ser dito que, ao contrário do que gostaríamos, pouco foi implementado", afirma Helmut Asche, especialista em questões africanas na Universidade de Mainz.

Alemães interessados em negócios com África

Nem o "Plano Marshall para África" nem a iniciativa "Pro Africa", lançados na Alemanha, conseguiram convencer os mais cépticos. O entusiasmo pelo continente africano em Berlim acabou por se dissipar entre as políticas para travar a imigração.

"Havia uma grande expectativa depois dos muitos anúncios de programas. E ficámos com a impressão aqui, e o mesmo se sentiu em África, que na realidade nada foi feito", explica Stefan Liebig, vice-presidente da Câmara do Comércio Germano-Africana.

Desenvolvimento estagnado

Na sua primeira visita ao continente, Heiko Maas tem consciência do que o espera: dois países africanos que se encontram estagnados no que diz respeito ao desenvolvimento. Embora tenha alcançado nos últimos anos um crescimento económico de dois dígitos, a Etiópia continua a ser acusada de violação dos direitos humanos. E o estado de emergência declarado pelo primeiro-ministro Abiy Ahmed ainda não foi levantado.

Já na Tanzânia, o Presidente John Magufuli não parece estar a fazer jus às esperanças que o povo depositou em si, estando o seu mandato a ser pautado por políticas de repressão. E ainda que permaneça relativamente estável politicamente, a Tanzânia continua a depender dos doadores ocidentais.

Chefe da diplomacia alemã visita Etiópia e Tanzânia

Nos seus encontros - quer com a UA, quer com a Comunidade da África Oriental - o ministro dos Negócios Estrangeiros alemão passará a mesma mensagem: para Berlim, a chave para o desenvolvimento e estabilidade em África está na integração regional.

Uma visão que a Comunidade da África Oriental pareceu partilhar aquando da sua criação, lembra Helmut Asche. "A Comunidade Económica da África Oriental estava a caminho de se tornar uma união aduaneira com livre comércio dentro das suas fronteiras. Depois chegaram os europeus com os seus acordos de parceria económica, mas nem Bruxelas, Berlim ou Paris são capazes de garantir essa mudança estratégica. Este é um fracasso político e Heiko Maas pode fazer mais para o retificar", defende o especialista.

Política mais coerente

A visita do ministro a África não deve, por isso, ser encarada com expectativas excessivamente altas. De acordo com especialistas, para ser um sucesso, basta que a visita termine com a constatação de que a política alemã para África precisa de ser mais coerente e perder-se menos em anúncios de iniciativas que por vezes são contraditórias.

"O ministro deve fazer o seu trabalho de casa aqui na Alemanha e não tanto em África", sugere o responsável da Câmara do Comércio Germano-Africana. "Deve sentar-se com os seus colegas do Governo e pensar sobre quais das medidas anunciadas podem realmente ser implementadas", sublinha Stefan Liebig.