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Cheias na Serra Leoa fazem mortos e desalojados

rl | Wanjiku Mwaura | AFP
9 de agosto de 2019

As chuvas torrenciais que têm assolado a Serra Leoa desde a semana passada fizeram já sete vítimas mortais. Inundações na capital, Freetown, e noutras partes do país também deixaram oito mil pessoas desalojadas.

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Freetown, capital da Serra Leoa (imagem de arquivo)Foto: picture-alliance/Sodapix

"Sou professor, perdi todos os meus materiais da escola, o meu certificado. A maior parte da minha propriedade não dá para recuperar, foi destruída com as cheias", conta à DW um dos muitos cidadãos que perderam tudo nas cheias.

Outra vítima das cheias também relata que perdeu tudo: a cama, as roupas, tudo o que estava dentro da sua casa. "Neste momento não sei como recomeçar", confessa.

Esta não é a primeira vez que as cheias deixam um rasto de destruição na Serra Leoa. Em 2017, as chuvas fortes que caíram sobre o país deixaram mais de 1000 vítimas mortais, 100 das quais morreram na sequência de um deslizamento de terra.

Habitações precárias

Na altura, tal como desta vez, a maioria das vítimas vivia em habitações precárias. Depois do sucedido em 2017, as autoridades pediram às pessoas para que abandonassem as áreas de risco.

Cheias na Serra Leoa fazem mortos e desalojados

Em alguns casos, explica Claudia Anthony, correspondente da DW na Serra Leoa, o governo cedeu alguns terrenos em zonas propícias à habitação, que as pessoas acabaram por vender. Muitas delas estão agora de regresso a Freetwon, diz.

Mas este não é o único motivo. Na opinião da correspondente da DW há uma outra questão, não menos importante: o dinheiro. "Os terrenos na Serra Leoa são muito caros. A maioria das pessoas que chega a Freetown vem das províncias. Procura empregos, melhores oportunidades e melhores escolas. Então, quando alguém com dinheiro lhes propõe comprar os terrenos, eles vendem", explica.

É "urgente" intervenção do governo central

No país, há quem aponte o dedo ao governo no que diz respeito à prevenção deste tipo de desastres. No entanto, Claudia Anthony afirma que tem havido alguns progressos na capital, por exemplo, ao nível dos esgotos e limpeza. "Hoje, a cidade está muito mais limpa do que há um ano atrás", garante.

Ainda assim, a correspondente da DW na Serra Leoa diz que é "urgente que haja uma ação ao nível do governo central" nestas zonas de risco. "O Governo tem de agir e intervir. Deve tomar uma decisão, informar [a população] e mover essas pessoas. Garantir que elas passam a viver nos sítios que forem designados ", defende.

O Instituto de Meteorologia já alertou que não são esperadas melhorias no tempo nos próximos dias e as chuvas fortes vão continuar. O governo, em parceria com várias organizações, está já a avaliar os danos e a distribuir ajuda aos mais afetados. E continua a aconselhar as pessoas que vivem nas áreas de maior risco a deixar as suas casas.