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Desastres

Chuvas em Moçambique: 6 mortos em desabamento de lixeira

Lusa | EFE | mjp
1 de maio de 2019

Desabamento na lixeira municipal de Pemba, Cabo Delgado, fez seis vítimas mortais, depois da chuva torrencial associada ao ciclone Kenneth. Autoridades contam 41 mortos na sequência da intempérie.

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Foto ilustrativa: Bairro inundado em PembaFoto: picture-alliance/AP Photo/T. Mukwazhi

Um monte de lixo com vários metros de altura caiu sobre duas habitações na noite de domingo e vitimou seis residentes, disse Santos Salimo, comandante provincial do Serviço Nacional de Salvação Pública (SENSAP, bombeiros) de Cabo Delgado, citado pelo jornal O País, esta terça-feira (30.04).

Bombeiros moçambicanos e brasileiros - que se encontram na região para apoiar ações de resgate no âmbito do ciclone Kenneth - trabalharam na recolha de corpos nos últimos dois dias.

Um acidente semelhante aconteceu em fevereiro de 2018 na maior lixeira de Maputo, Hulene, quando o desabamento de um dos montes de entulho matou 16 pessoas, esmagadas dentro de casas dentro do recinto da lixeira.

Número de mortos no ciclone sobe para 41

O número de vítimas mortais na sequência da passagem do ciclone Kenneth pelo norte de Moçambique subiu para 41, esta terça-feira."É preciso lamentar 41 mortes", disse o porta-voz do Conselho de Ministros de Moçambique, Armindo Ngunga, em Maputo.

O primeiro-ministro de Moçambique, Carlos Agostinho do Rosário, tinha já admitido que o número de mortes pode aumentar à medida que as equipas de resgate consigam chegar a áreas de difícil acesso, como o distrito de Macomia.

"Deve haver mais problemas em Macomia, e não conseguimos chegar à ilha de Ibo. Hoje [30.04] de manhã, tentámos usar aviões, mas por causa do tempo não conseguimos chegar lá", afirmou o primeiro-ministro.

Mosambik Zyklon Kenneth Überschwemmung
Pessoas abandonam as suas casas no bairro de Natite, em Pemba, devido às inundações.Foto: picture-alliance/AP Photo/T. Mukwazhi

ONU prepara resposta

Pemba, localidade costeira do norte do país, foi a mais afetada pelo ciclone Kenneth e, se bem que as chuvas tenham abrandado, as previsões indicam que vão regressar nos próximos dias, pelo que a ONU anunciou em Genebra que está a preparar uma rápida operação de ajuda. 

"Os trabalhadores humanitários estão a trabalhar tão depressa quanto podem, para preparar voos com ajuda, que incluem medicamentos para a ilha de Matemo", a 84 quilómetros a norte de Pemba, onde os estragos também foram enormes, afirmou o porta-voz da agência da ONU para a Ajuda Humanitária, Jens Laerke.

Por seu lado, a agência da ONU para os refugiados informou que já tem uma equipa em Pemba, que pode comprovar que boa parte da cidade está debaixo de água e que em algumas zonas a destruição é total. 

A situação, porém, não permite chegar a localidades mais remotas, onde se crê que há pessoas isoladas que precisam de ser retiradas. 

O acesso da população aos alimentos é uma preocupação das agências humanitárias a longo prazo, uma vez que os ciclones destruíram mais de 31 mil hectares de culturas, em plena época de colheitas. A pesca artesanal está muito prejudicada, tal como a venda de cocos, devido à queda das árvores.  

Pelo menos 36 mil famílias perderam as suas casas, por causa do ciclone Kenneth.

Kenneth: Primeiro-ministro diz que é preciso mais ajuda

Alterações climáticas agravaram impacto

A Organização Meteorológica Mundial (OMM) considera que as alterações climáticas agravaram o impacto dos dois ciclones que se abateram sobre Moçambique em menos de dois meses, ainda que não tenham sido a causa direta destes eventos extremos.  

"O que podemos dizer é que o impacto de ambos os ciclones -- Idai e Kenneth -- foi intensificado pelas alterações climáticas", declarou a porta-voz da agência da Nações Unidas, Clare Nullis.

Em declarações à agência de notícias EFE, Nullis explicou que o aumento do nível do mar na costa de Moçambique provocou uma ondulação mais elevada, enquanto "as chuvas tão fortes que se registaram em Moçambique são compatíveis com as resultantes das alterações climáticas". 

A OMM confirmou que Moçambique nunca tinha registado dois grandes ciclones numa única estação. Também nunca tinha ocorrido um fenómeno meteorológico deste tipo tão a norte da costa oriental do continente, como se verificou com o segundo destes ciclones. 

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