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Ciclone Idai: Tendas improvisadas são um foco de doenças

22 de abril de 2019

O excesso de concentração de famílias em tendas nos centros de acomodação provisória na província da Zambézia, centro de Moçambique, está a aumentar a incidência de problemas de saúde, principalmente entre as crianças.

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Mosambik | Umsiedlungszentrum in Namitangurin
Foto: DW/M. Mueia

As autoridades sanitárias apelaram à redução do número de pessoas que dormem nas tendas disponibilizadas para as vítimas do ciclone Idai. Uma visita recente de um grupo de médicos do Hospital Central de Quelimane aos centros de reassentamento de Namitangurine, Dhugudiua e Furquilha, na província da Zambézia, detetou um crescente número de casos de doença respiratória entre a população.

"Um dos fatores para a existência de doenças respiratórias é o ambiente de convivência. Naqueles meios, as tendas têm pouco espaço, a ventilação é escassa e isso predispõe ao desenvolvimento de infeções respiratórias", explica o médico Ladino Súade.

Mosambik | Ladino Súade, Arzt, in Zambezia
Ladino Súade, médicoFoto: DW/M. Mueia

Das mais de 700 pessoas observadas, entre adultos e crianças, a maioria foi diagnosticada com problemas relacionados com o sistema respiratório. "Durante o dia é preciso abrir as tendas para as ventilar e uma tenda deve ter o menor número de pessoas possível. Quanto menor for a tenda, menos pessoas deve ter", refere o médico.

"Em Furquilha, atendemos 320 pacientes; quando estivemos em Namitangurine atendemos 435 pacientes. Onde encontrámos doenças respiratórias com maior frequência foi em Namitangurine", adverte o especialista.

Malária, outra ameaça iminente

Para além das doenças respiratórias, que são potencialmente mortais, a malária também tem despertado preocupação entre as autoridades moçambicanas. José João Colaço, chefe do centro de reassentamento em Namitangurine, lamenta a chegada tardia de redes mosquiteiras. "Febres e malária são doenças constantes… Mesmo eu estou constipado, tenho problemas de saúde, estou a tossir e tenho febre", comenta à DW África. "Temos medicamentos, mas só agora é que recebemos redes mosquiteiras", conta José João Colaço.

Mosambik | Umsiedlungszentrum in Namitangurin
Assentamento provisório em Namitangurin, ZambéziaFoto: DW/M. Mueia

Desde que ciclone Idai e as cheias assolaram  a região centro de Moçambique, em março, as autoridades de saúde na Zambézia têm desencadeado campanhas periódicas de atendimento gratuito e especializado, em zonas mais distantes da cidade, e nos centros de acomodação.

As autoridades também instalaram unidades sanitárias nos recintos onde estão refugiadas as vítimas, para atenderem casos urgentes. "Normalmente os doentes vão ao  encontro do médico no hospital e nós estamos com esta iniciativa a levar o hospital e o médico ao encontro do doente", descreve o médico Ladino Súade.

Ciclone Idai: Tendas improvisadas são foco de doenças

"Viemos a esta povoação [Maquival] para dar apoio àqueles doentes que não são capazes de se deslocarem até ao Hospital Central de Quelimane. Estão aqui instaladas as especialidades de ginecologia, otorrinolaringologia, ortopedia, urologia, medicina interna e clínica geral", indica este profissional de saúde.

"São estas as especialidades mais necessitadas e são também especialidades que menos precisam de movimentar equipamentos. Para os serviços que precisam de movimentar muitos equipamentos é difícil fazer consulta na comunidade", conclui o médico.

A malária é uma infeção parasitária que afeta os glóbulos vermelhos do sangue. É uma doença evitável, detetável e tratável. O parasita é transmitido através da picada da fêmea do mosquito Anopheles infetado. Estes mosquitos geralmente picam entre o anoitecer e o amanhecer. Em 2017, esta patologia matou mais de 435 mil pessoas em todo o mundo, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS).

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