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Cidadãos libertados no Bengo: "Fomos maltratados na prisão"

30 de maio de 2023

Por falta de provas, já estão em liberdade os 14 cidadãos detidos, no sábado, durante as demolições de residências na zona do Bucula, na província angolana do Bengo. Advogado de defesa promete processar o Estado.

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Foto de arquivo
Foto de arquivoFoto: António Ambrósio/DW

O tribunal em Caxito recusou-se a pegar no caso por erros de forma, e a Procuradoria-Geral da República (PGR) viabilizou hoje a libertação dos cidadãos através do pagamento de uma caução de 15 mil kwanzas (o equivalente a 24 euros).

Simão José, um dos cidadãos detidos, diz que, na prisão, viveu dos piores momentos da sua vida: "Fomos maltratados, tanto que eu pedi assistência médica e não permitiram", contou em declarações à DW África.

O caso

Os cidadãos foram acusados de danos materiais e de agredirem funcionários da administração e agentes da polícia durante a demolição de dezenas de residências na zona do Bucula, no sábado (27.05).

Segundo o porta-voz da Polícia Nacional, no Bengo, Paulo Miranda de Sousa, dois efetivos ficaram feridos. "Mesmo com a presença da polícia, criaram barricadas, e a polícia foi chamada a repor a ordem. Foram recebidos com objetos contundentes", disse.

Agora, depois da libertação dos 14 cidadãos detidos no sábado, o advogado de defesa, Zola Bambi, promete processar o Estado.

Angola: Demolições deixam famílias sem casa no Bengo

"Destruíram bens pessoais e, com os danos morais causados, haverá uma ação competente. Além disso, vamos instruir o processo para responsabilizar os agentes sobre as agressões que muitos sofreram", informou.

Demolições

Enquanto isso, as famílias desalojadas queixam-se de não ter para onde ir, dias depois das suas casas serem demolidas. Lembram que as residências foram demolidas sem qualquer aviso prévio.

"Estou desalojado, não sei onde posso ir passar a noite", afirmou um cidadão.

As autoridades justificam que iniciaram, a 27 de maio, a demolição das residências na zona do Bucula por estas terem sido erguidas de forma "ilegal". Ressaltam ainda que, a breve trecho, vão requalificar a zona, que fica ao lado de uma centralidade e de um hospital, com projetos sociais.

Os críticos olham para o projeto com ceticismo, pois duvidam que a população afetada seja compensada.

Ao mesmo tempo, o analista Teixeira de Andrade considera que as autoridades têm de dar mais explicações à população sobre o que aconteceu no sábado: "O relato que temos das pessoas que estavam lá no Bucula é que um jovem saiu em coma e nem conseguia ser reconhecido, porque foi espancado pela própria polícia", diz.